Taxa de pacientes infectados por hepatites B e Delta é alta na Amazônia Ocidental


Uma pesquisa inédita no Brasil verificou que na região amazônica, principalmente na Amazônia Ocidental (AM, AC, RO e RR), a taxa de infecção correlacionada com o vírus da Hepatite B e a do tipo Delta (caso mais grave da infecção) é alta. De um total de 702 amostras de sangue colhidas,  foi detectado que 32 pessoas (4,5%) estavam infectadas com Hepatite B. Desse número, 20 pacientes (62,5%) também estavam positivos para o tipo Delta, ou seja, os pacientes estão duplamente infectados.

Os resultados foram obtidos por meio do Programa de Pesquisas para o Sistema Único de Saúde: gestão compartilhada em saúde (PPSUS), que conta com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Ministério da Saúde e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O objetivo do programa é apoiar atividades de pesquisa com aporte de recursos financeiros a projetos que visem à promoção do desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação na área de saúde no Estado do Amazonas.

Os dados foram verificados durante a busca de um tratamento eficaz para pacientes com Hepatite do tipo Delta. Coordenados pela pós-doutora em Infectologia, Dagmar Kiesslich, os pesquisadores da Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Amazonas (FHemoam) verificaram a quantidade do vírus no organismo humano para que fosse possível prescrever a dose correta de medicamentos.

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/eirunepe.jpgAs informações foram obtidas por meio do projeto intitulado “Otimização do Ensaio em Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) em Tempo Real para Quantificação dos Níveis Séricos de RNA do Vírus da Hepatite Delta”, feito em parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O estudo foi realizado no município de Eirunepé (a 1.160 Km de Manaus), conforme Kiesslich, com pessoas suspeitas de estarem infectadas. O grupo identificou a quantidade e a dinâmica do vírus no organismo. Ela explicou que ,embora o tratamento ainda não seja 100% eficaz, ao detectar a infecção precocemente é possível propiciar um aumento na sobrevida do paciente.

“Como é uma doença que ainda não tem sua história natural esclarecida, buscamos primeiro conhecer e disponibilizar ferramentas que indiquem precisamente qual é a dinâmica do vírus Delta no indivíduo”, frisou Kiesslich.

Os resultados finais da pesquisa, realizada no período de 2005 a 2009, foram apresentados no “Seminário de Avaliação Final do PPSUS”, realizado no Instituto Leônidas e Maria Deane (Fiocruz da Amazônia), no período de 13 a 14 de maio.

Sobre a pesquisa

Durante os quatro anos e meio da pesquisa, foram retiradas amostras de sangue de pacientes e extraído o RNA do vírus Delta, que foi transcrito através da técnica de Reação em Cadeia Polimerase (PCR) em tempo real para DNA (criação de mútiplas cópias). O objetivo foi identificar a quantidade do vírus presente na corrente sanguínea.

A pesquisadora explicou que embora não tenha ainda uma relação direta e estabelecida entre o vírus B e o Delta, quanto maior o número desses vírus no organismo, mais resistente ele se torna aos medicamentos aplicados. “Existem vários estudos em desenvolvimento, mas nenhum conseguiu dizer com precisão se o vírus Delta ataca diretamente ou através de uma resposta do sistema imunológico aos medicamentos prescritos para o vírus B”, contou.

Segundo Kiesslich, a região carece de acesso à tecnologia, o que torna o diagnóstico da doença um problema. “Com as pesquisas do PPSUS, buscamos proporcionar às populações mais distantes o acesso às tecnologias. Abriu-se um leque de possibilidades que podem ajudar a elucidar a história natural de cada enfermidade”, disse a pesquisadora.

Hepatite Delta

É uma doença infecciosa viral e contagiosa, podendo apresentar-se com ou sem sintomas. A transmissão ocorre por contato com sangue, fluidos corporais e relação sexual sem uso de preservativo. A infecção também é transmissível durante a gravidez (forma vertical) da mãe para o filho.

Mais informações acesse o site do Ministério da Saúde

Camila Carvalho e Luís Mansuêto – Agência Fapeam

 

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