Técnica molecular para diagnóstico do HTLV é testada
O método testado, chamado de PCR (reação em cadeia da polimerase) em tempo real, também apresenta menor risco de contaminação do que a sorologia, diferencia os tipos de vírus (1e 2) e permite que se conheça a quantidade de vírus existente no paciente, chamada tecnicamente de carga proviral. “O diagnóstico mais preciso e a quantificação da carga do vírus faz com que o acompanhamento clínico do paciente possa ser administrado de maneira mais eficiente e eficaz, já que o Ministério da Saúde preconiza que pessoas com diagnóstico positivo e/ou sintomas da doença sejam avaliadas em intervalos de seis meses”, explica a famacêutica-bioquímica Bruna Arruda, autora do estudo que resultou em sua dissertação de mestrado em saúde pública. O MS estima que, atualmente, no Brasil, 750 mil pessoas sobrevivam com o HTLV, sigla que significa vírus linfotrópicos de células T humanas.
A pesquisa comparou a PCR em tempo real e a PCR convencional, chamada de qualitativa e mais usual do que a primeira, com a sorologia, usada atualmente pelos hemocentros para diagnosticar o vírus na triagem do sangue dos doadores. A PCR em tempo real apresentou uma sensibilidade de 100% e especificidade de 96,67% se comparada à sorologia para a identificação do vírus. Já a PCR qualitativa mostrou, respectivamente, sensibilidade e especificidade de 87,5% e de 100%. “Essas características são essenciais para adoção do método para triagem em hemocentros. Entretanto, o fato de a PCR determinar a carga do vírus no paciente indica que ela é a melhor opção para ser implementada na rotina dos hemocentros como teste confirmatório da doença. O método também pode ser empregado no monitoramento clínico de pacientes infectados”, ressaltou Bruna.
A pesquisadora conta, ainda, que a PCR em tempo real já é utilizada em outras instituições brasileiras, a exemplo do Laboratório de Saúde Pública da Fiocruz da Bahia, o hemocentro de Ribeirão Preto e a Hemominas, em Belo Horizonte, mas que a técnica é empregada com mais freqüência por institutos de pesquisa para a realização de estudos sobre o HTLV.
Durante a pesquisa, que ocorreu de novembro de 2006 a abril de 2007, foram analisadas amostras de sangue de 63 voluntários do ambulatório da Fundação de Hematologia e Hemoterapia de Pernambuco (Hemope), dos quais 33 tinham resultado positivo para a presença do HTLV e 30 eram de doadores de sangue sabidamente negativos. O trabalho, aprovado pelos comitês de Ética em Pesquisa (CEP) da Fiocruz e do Hemope, foi feito sob a orientação da pesquisadora do Departamento de Imunologia do Centro, Yara Gomes.
Vírus
O vírus HTLV apresenta-se em dois tipos: HTLV-1 e HTLV-2. Até hoje, nenhuma doença é atribuída ao tipo 2. Os principais sintomas em um portador do vírus do tipo 1 são dores nos membros inferiores (panturrilhas), na região lombar (parte inferior da coluna lombar) e dificuldade em defecar ou urinar. Para se prevenir da doença, é recomendado o uso de preservativo em todas as relações sexuais. O tratamento do portador do vírus irá depender de uma avaliação médica, grau de comprometimento do paciente, tempo de evolução da doença, presença de outras infecções virais etc.