Tecnologia facilita processo de inclusão social no Brasil


09/05/2012 – O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) tem apostado na inovação tecnológica voltada para o esporte como ferramenta de inclusão social. A instituição coordena atualmente o projeto conhecido como “Eu jogo Rugby, e você?”, que beneficia jovens do Rio de Janeiro com ou sem deficiência.

A diretriz principal da iniciativa é estimular a prática dessa modalidade no país, considerada hoje o segundo esporte coletivo com maior audiência no mundo. São beneficiados jovens com idades entre 7 e 16 anos de sete escolas públicas de Niterói, num total de 1,5 mil alunos.

No início de abril, o INT entregou dez cadeiras de rodas específicas para a prática de rugby entre paraplégicos com comprometimento em pelo menos três membros, incluindo tetraplégicos, amputados e pessoas com paralisia cerebral. Os equipamentos são inéditos no mundo e foram financiados pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), num aporte de aproximadamente R$ 55 mil, por meio do edital de Apoio à Inovação em Esportes.

“Apesar dos efeitos sociais e educativos que o rugby tradicional apresenta, é no campo do paradesporto que o esporte apresenta melhores resultados. O rugby em cadeira de rodas é a única modalidade coletiva que pode ser jogada por portadores de tetraplegia. Dessa forma, promove o desenvolvimento psicomotor, inclusão social e melhoria na qualidade de vida”, enumera a coordenadora do projeto, Maria Carolina Santos.

Para a produção dos equipamentos, que atendem todas as normas internacionais de qualidade e segurança, foram necessários dois anos de trabalho. Além de dois modelos de cadeiras, um para o ataque e outro para defesa, o INT desenvolveu também a baliza chamada “H”, utilizada para a marcação dos tries (o correspondente ao gol do futebol), regulável que foi aprimorada para aplicação em campos destinados a outros esportes.

Os dados para o desenvolvimento da cadeira de rodas foram obtidos pela equipe do Laboratório de Ergonomia do INT, que realizou a medição antropométrica de alunos com dificuldade motora. A ideia foi criar equipamentos adaptados para a realidade brasileira, que facilitassem a popularização do rugby no país. Também foi produzido o contact pad, equipamento de proteção almofadado usado nos treinos para minimizar o impacto do contato entre os jogadores.

Para a implantação do esporte como atividade regular na rede pública de ensino de Niterói, 30 educadores foram capacitados. Os pais de alunos também foram sensibilizados em reuniões com a equipe do projeto, especialmente para incluir os alunos com deficiência. Todas as ações contaram com apoio da Associação Brasileira de Rugby em Cadeira de Rodas (ABRC) e do Niterói Rugby Football Clube (NRFC).

 

“Difundir este esporte também é importante pelos aspectos sociais e educativos que ele apresenta. Como suas regras reforçam a atuação coletiva, reduzindo a possibilidade de surgimento de jogadores que se destacam sobre os demais, a prática do rugby apresenta resultado positivo quando incentivada em populações de risco, com redução da violência, sociabilização e difusão de valores agregadores”, afirmou Maria Carolina Santos.

As unidades foram entregues na Escola Municipal Paulo Freire, que servirá como polo para a prática em cadeira de rodas no Estado. O projeto também conta com a parceria das secretarias municipais de Educação e de Esportes de Niterói. “Iniciar crianças e jovens na prática do rugby pode, posteriormente, viabilizar o ingresso destes em clubes, abrindo a possibilidade para se tornarem inclusive atletas de alto rendimento”, disse.

Ação inovadora

 

O bom desempenho do projeto “Desenvolvimento de equipamentos para massificação do Rúgbi a partir da inclusão do esporte na Rede Pública de Ensino”, já chamou atenção de organismos internacionais. No dia 25 de abril, o instituto recebeu a visita de Morgan Burckley e Santiago Ramallo, gerente geral de desenvolvimento e coordenador regional de Desenvolvimento, respectivamente, da Internacional Rugby Board (IRB), órgão responsável pela organização desta modalidade.

Segundo o INT, os representantes se mostram impressionados com o trabalho desenvolvido e manifestam interesse em adaptar esta prática ao programa de desenvolvimento oficial da IRB, chamado “Get In Touch Rugby”, que será lançado em julho em todo o mundo.

“Eles sugeriram ao INT realizar um seminário de práticas para iniciação do rugby, discutindo o tema que será de vital importância para a realização dos jogos desta modalidade nas Olimpíadas”, afirmou Maria Carolina.

 

Fonte: Agência Gestão CT&I

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