Tecnologias permitem conservação de sementes de tucumã
O caroço do Tucumã (Astrocaryum aculeatum), grande fonte de bioenergia, a partir de agora pode ser conservado em ambiente natural. A afirmação foi obtida após um estudo desenvolvido pela engenheira agrônoma do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Elizabeth Rodrigues Rebouças, que conseguiu melhorar a resistência do caroço.
Com o título “Dissecação e conservação de sementes de tucumã (Astrocaryum aculeatum G. Mey)” a pesquisa teve início em março de 2008 e foi finalizada neste ano. No estudo, foram investidos R$ 31,07 mil pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio de bolsas concedidas no âmbito do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad).
A pesquisa trata da dissertação de mestrado em Agricultura no Trópico Úmido do Inpa. De acordo com Rebouças, o objetivo do estudo foi verificar a tolerância das sementes ao dissecamento. “Analisei o período em que elas suportam ficar armazenadas antes do plantio”, explicou.
A engenheira agrônoma revela que o estudo foi realizado com diásporos de tucumã (semente do endocarpo), que é a região do fruto que protege a semente. “Os frutos foram coletados nas feiras de Manaus com a expectativa de caracterizar uma mistura de progênies, que visam à conservação genética da população”, frisou.
Para o resultado da pesquisa, segundo a engenheira agrônoma, o método utilizado foi a combinação de uma pequena redução no grau de umidade das sementes com a embalagem em recipiente semipermeável sob temperatura ambiente.
“A metodologia favoreceu a conservação da qualidade inicial das sementes durante o período de 10 meses. Ficou provado que tecnologias específicas permitem a conservação de sementes de tucumã”, afirmou. Ela destacou ainda que, a partir de agora, a pesquisa pode contribuir para o desenvolvimento da espécie e preservar os recursos genéticos.
A pesquisadora afirmou que a maioria das palmeiras apresentam germinação lenta, irregular e desuniforme. “É assim também com a semente de tucumã que, sob condições naturais, pode demorar de 1 a 3 anos para germinar”. Segundo Rebouças, existem outras pesquisas que reduziram o período de germinação para um tempo médio de quatro meses.
Do tucumã tudo se aproveita
A polpa da fruta pode ser transformada em azeite, farinha, cremes, sorvetes e patês. Ela também é utilizada na produção do "X-Caboquinho", muito apreciado na culinária amazonense. A casca é empregada como ingrediente na produção de ração.
Além disso, o caroço, que na maioria das vezes vai para o lixo, pode ser fonte de biodiesel. A energia gerada pelo caroço pode acender uma lâmpada ou até mesmo ligar uma televisão. Pesquisas apontam ainda que essa parte do tucumã serve para fazer sabonetes esfoliantes.
Vanessa Leocádio – Agência Fapeam
Foto1: Diásporo do tucumã – (Foto: Divulgação)