Pesquisa de aluno da UEA, desenvolvida em parceria com Sipam e apoio da Fapeam, revela que temperatura no oceano atlântico influencia chuvas na Amazônia
Estudo estabelece as áreas que têm maiores correlações que funcionarão como auxílio na previsão climática
Estudo desenvolvido pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA) em parceria com o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) identificou que a variação na temperatura do oceano Atlântico Sul interfere no regime de chuvas na Amazônia, podendo causar chuva em excesso ou também escassez dela.

O aquecimento do Atlântico Tropical Sul influencia no posicionamento da zona convergência intertropical, segundo Luan Carvalho.
A pesquisa foi realizada pelo graduando em meteorologia da UEA, Luan Carvalho e os resultados foram apresentados com apoio do Governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no VI Simpósio de Climatologia (SIC), no período de 13 e 16 de outubro deste ano.
De acordo com o estudante, o aquecimento do Atlântico Tropical Sul influencia no posicionamento da zona convergência intertropical, que é uma banda de nebulosidade (cobertura do céu por nuvens) que envolve o globo formado pelos ventos alísios oriundos de sudeste do Hemisfério Sul e de Nordeste do Hemisfério Norte. Esses ventos ao convergirem em baixos níveis trazem umidade que causam elevação para níveis mais altos da atmosfera devido ao aquecimento da superfície da terra, gerando assim nebulosidade e posteriormente as chuvas.
“Nós fizemos esse estudo para uma escala decadal, ou seja, uma variabilidade de baixa frequência. Então, baseado no resultado encontrado no trabalho, podemos observar chuva significativa em regiões mais setorizadas como o Centro-Oeste, Nordeste e Sul do Amazonas”, disse o pesquisador.
Doutora em Meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Rita Andreoli, enfatiza que os resultados da pesquisa demonstram uma aplicabilidade prática para atividades de monitoramento e previsão climática, principalmente na geração de informações que podem ser aplicados em planejamento e tomada de decisões. “Nas mais diversas atividades econômicas, em particular no setor de agricultura, agropecuária e geração de energia hidroelétrica, que são imprescindíveis para o desenvolvimento das cidades urbanas e rurais situadas na Amazônia”.
Para o meteorologista do Sipam, Renato Senna, o estudo estabelece as áreas que têm maiores correlações que funcionarão como auxílio na previsão climática. As condições do oceano vão definir uma alteração no padrão de chuvas que vai ocorrer nos meses seguintes. “Com essa pesquisa a gente consegue auxiliar o prognóstico climático que vai auxiliar em todas outras atividades diárias das pessoas, por exemplo, se vai chover mais ou menos, pois isso altera também as condições do ambiente de trabalho, transporte como fluvial e aéreo. Isso tem um impacto muito grande na vida da população”, finalizou.
Pesquisa é apresentada em Simpósio Internacional
O estudo foi apresentado VI Simpósio de Climatologia (SIC), que aconteceu entre os dias 13 e 16 do mês de outubro deste ano, em Natal, no Rio Grande do Norte. A passagem do pesquisador para apresentação do trabalho foi custeada pelo Governo do Amazonas via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) no âmbito do Programa de Apoio à Participação em Eventos Científicos e Tecnológicos (Pape).
No evento, Luan Carvalho também foi coautor do trabalho ‘Efeito da Temperatura Superficial do Oceano Atlântico Tropical Norte na Variabilidade da Precipitação Sobre Amazônia’, apresentado pela estudante em meteorologia da UEA, Itamara Souza, premiado como melhor estudo apresentado no Simpósio e indicado para publicação do artigo científico em uma edição especial da Revista Brasileira de Meteorologia (RBMET).
Esterfanny Martins / Agência Fapeam
Fotos: Érico Xavier / Agência Fapeam