Ufam discute a conservação ambiental do Baixo Rio Negro
Com a intenção de popularizar conhecimento e ações que defendem a sustentabilidade ambiental, a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal do Amazonas (Proext) está realizando o 1ºSimpósio de Conservação na Amazônia e a 20ª Semana de Biologia.
Os eventos, que tiveram início no domingo e encerram-se nesta sexta, 23, ocorrem simultaneamente, no auditório Eulálio Chaves, no mini-campos da Ufam, setor sul, localizado na Avenida General Rodrigo Octávio Jordão Ramos, nº 3000, bairro Coroado I.
Nesta primeira edição, o Simpósio de Conservação na Amazônia reuniu mais de 300 profissionais entre pesquisadores, conservacionistas e estudantes para discutir os projetos desenvolvidos na bacia do Baixo Rio Negro a partir das temáticas: biodiversidade, sociodiversidade, etnoconhecimento, áreas protegidas, ordenamento territorial, socioeconomia e pressões antrópicas.
De acordo com a pesquisadora Samia Amorin, membro da comissão organizadora, discussões em torno do tema conservação necessitam de integração de várias áreas do conhecimento. “A oportunidade está possibilitando o intercâmbio entre profissionais de várias áreas. Temos a participação de acadêmicos de biologia e biólogos, mas também contamos com a presença de pessoas ligadas à engenharia agrícola, ao curso de letras, a geografia, estatística e direito”, afirmou.
Para discutir conservação ambiental, é importante a participação de cientistas sociais, antropólogos, profissionais de direito, na opinião de Samia. “Qualquer estudo de uma área pressupõe a identificação dos recursos ecológicos dessa área bem como o conhecimento das populações que nela vivem e a legislação que define a sua exploração”, explicou.
A Semana de Biologia, por sua vez, busca debater sobre temas relativos à profissão de biólogo junto aos estudantes da graduação. “Os alunos da graduação passam a conhecer o campo em pretendem atuar ou mesmo firmam parcerias para elaboração de possíveis trabalhos de pesquisa e outras formas de parcerias”, declarou Samia.
Dez mini-cursos voltados à temática da conservação ambiental estão sendo realizados durante o evento, com a participação de aproximadamente 250 pessoas, entre acadêmicos e estudantes de ensino médio. Segundo Samia, membros da comissão organizadora foram até escolas de ensino médio no entorno da Ufam e do centro para divulgar o evento. “Cobramos um valor simbólico para esse público. Nossa intenção é despertar nos estudantes o interesse pela conservação ambiental”, destacou.
Curiosidade – No momento da inscrição, os participantes recebiam pasta, material de folhetaria e um caneco plástico. Trata-se de uma campanha para diminuir o consumo de copos descartáveis, comum a eventos como este. “Já que estamos falando de conservação ambiental, a distribuição desses canecos representa uma iniciativa concreta, tendo em vista a quantidade de lixo que estamos deixando de produzir”.
“Sociodiversidade e etnoconhecimento” foi o tema da mesa-redonda coordenada pela pesquisadora Maria Clara da Silva Frosberg, doutora em ciências ambientais pela Universidade de Indiana, nos Estado Unidos. Segundo ela, os mapeamentos feitos atualmente mostram que, quanto maior a quantidade de grupos humanos, maior é também a diversidade ecológica. “Por esta razão, o assunto abordado nesta mesa-redonda é importante. Necessitamos juntar conhecimentos para propormos iniciativas de conservação eficazes”, argumentou.
O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Gorge Henrique Rebêlo, que expôs reflexões sobre as relações entre diversidade cultural e biodiversidade, exemplificou que os processos de ocupação implicam na mudança do ambiente. Para isto, citou a expansão da fronteira agrícola que hoje ocorre em Santarém, interior do Pará. “O cenário das áreas de floresta antes das lavouras de soja é completamente diferente do que se pode ver hoje”, explicou.
Gorge Rebêlo se refere aos hectares de terra desmatados para receber o plantio de soja na cidade de Santarém. O pesquisador observou, porém, que nem toda forma ocupação implica em destruição ambiental. “Há comunidades da região do Solimões, por exemplo, que vivem sem interferir de modo destrutivo no meio ambiente onde vivem”, comentou.
De acordo com o pesquisador, o grau de interferências, positivas ou negativas do ponto de vista da conservação, depende das características culturais das populações que protagonizam os processos de ocupação. “O tema cultura é pertinente, apesar de distante do cotidiano do biólogo. Este é um campo pouco explorado pelos biólogos”, alertou Gorge Rebêlo. “Precisa-se conhecer estas características, como a cultura, para sobreviver”, completou.
As fronteiras da globalização preocupam os profissionais interessados em promover a conservação ambiental. Gorge Rebêlo lembra e compara o caso da cidade de São Paulo até o início do desenvolvimento industrial. “São Paulo apresentava características semelhantes à Manaus de hoje: uma capital no meio de uma vasta região de floresta. Temos que analisar muito bem para não termos os mesmos problemas que a capital paulista enfrenta”, comentou.
Mais informações sobre o evento acesse: http//www.conservação.ufam.edu.br