Um novo combate à diarréia


Considerado um problema “rotineiro” entre crianças e idosos, a diarréia passou a fazer parte da vida das pessoas por não lhe serem conferidos os devidos cuidados e atenção.

Contraditoriamente, a facilidade no seu tratamento é acompanhada de um dado alarmante: ainda hoje, no Brasil, morrem, por ano, cerca de 50 mil crianças menores de um ano, segundo dados de especialistas na área.

Entender que a diarréia é conseqüência direta da presença de um entre diversos agentes patogênicos em potencial é determinante para subsidiar qualquer ação de controle e prevenção eficientes do problema. O segundo passo é identificar, sistematicamente, esses microorganismos, denominados na literatura científica de “enteropatógenos”, ou seja, aqueles que causam doenças no sistema digestivo, mais especificamente no intestino das pessoas.

Em síntese, esse será o foco do projeto “Caracterização Fenotípica e Genotípica dos enteropatógenos isolados de crianças de 0-10 anos de idade, com diarréia aguda e de repetição, na cidade de Manaus – Amazonas”, a ser desenvolvido nos próximos dois anos pela pesquisadora Patrícia Orlandi, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-AM). A pesquisa foi aprovada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas e conta com um aporte financeiro no valor de R$ 119.828, previsto no Programa Pesquisa para o SUS: gestão compartilhada em saúde. Sua execução conta com o apoio da Secretaria Estadual de Saúde (Susam).

“No projeto, iremos identificar os microorganismos que afetam as crianças, causando-lhes diarréias. Esse trabalho será determinante para a escolha das formas de tratamento para o problema. Será feita uma amostragem de 1% da população de crianças de Manaus, com idade entre 0 e 10 anos, o que totaliza 3 mil indivíduos”, explica Orlandi.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há uma média de incidência de um a dez episódios de diarréia por ano em crianças de 0 a 4 anos. Essa faixa etária é a mais suscetível a infecções de ordem intestinal. Acima disso, as crianças já começam a criar anticorpos e tornam-se mais resistentes aos microorganismos. O projeto estendeu as análises até indivíduos com 10 anos de idade justamente para verificar esses parâmetros de imunidade e compará-los aos das crianças mais jovens. 

O estudo compreende na realização das seguintes etapas: visita aos hospitais (zona leste, sul, oeste e Instituto da Criança do Amazonas – Icam), preenchimento das fichas de dados clínicos e aceite da responsável pela criança por meio da assinatura do termo de consentimento, coleta das fezes (300 amostras de cada faixa etária) e análise laboratorial para identificação dos enteropatógenos.


Grace Soares da Fiocruz – Em Tempo 17/06/07

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