Uma abordagem diferenciada de cultura popular e patrimônio imaterial


Um grupo de pesquisa promove um evento e depois acaba publicando um livro. Foi assim que nasceu “Cultura popular, patrimônio imaterial e cidades”, obra que tem como autor e organizador o professor Sérgio Ivan Gil Braga, do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA/Ufam). O lançamento será nesta sexta-feira, 07, às 19h, no Centro Cultural Palácio da Justiça, localizado na avenida Eduardo Ribeiro, no centro histórico de Manaus.

 
A novidade do livro está na abordagem do conceito de patrimônio imaterial ou de bens culturais intangíveis, uma vez que os pesquisadores mergulham em temas como festas populares, celebrações, música, artes plásticas, cênicas e lúdicas, e lugares como mercados, feiras, santuários e praças.

 
Para Sérgio Ivan, que é doutor em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP), a solenidade de lançamento é especial. “Vamos congregar as instituições que contribuíram diretamente para a publicação desse trabalho, bem como a comunidade acadêmica e os pesquisadores que desenvolveram as reflexões em torno dos temas propostos no evento”, acentua.

 
O evento que deu origem ao livro contou com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Aamzonas (Fapeam) e do PPGSCA. “Nós nos reunimos nos dias 30 e 31 de maio de 2006, no auditório Rio Solimões do Instituto de Ciências Humanas e Letras (ICHL/Ufam), e ficamos conhecendo os resultados parciais de pesquisas realizadas pelos membros do grupo. Creio que conseguimos, de fato, desenvolver uma metodologia de trabalho que põe em diálogo os saberes que envolvem o tema da cultura popular”, comenta o organizador.

 
A publicação do material também só foi possível graças ao financiamento da Fapeam, em convênio com a Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua). “Nós organizamos os textos na mesma seqüência dos estudos feitos durante o evento”, explica.  O organizador salienta que os temas explorados são relevantes visto que o estudo da cultura popular tem adquirido importância nas pesquisas  antropológicas nas últimas décadas, com ênfase em processos sócio-culturais que tem como contraponto as cidades.

"Mas não apenas as cidades. Há também o interesse em investigar o passado, baseando-se no conceito de cultura para desvelar formas de sociabilidade e resistência de grupos sociais, não raro considerados como subalternos na cultura brasileira, como negros, escravos, migrantes e outros mais", acrescenta Sérgio Ivan.

 
Ele resume os objetivos do livro em três pontos: valorizar o patrimônio cultural imaterial que se expressa em festas religiosas e populares, além de outras manifestações da cultura popular com ênfase na Amazônia; discutir questões relacionadas à cultura popular de populações amazônicas que vivem nas cidades e no meio rural; e contribuir para o debate de conceitos como o de cultura popular, patrimônio imaterial e cidades tanto dentro quanto fora de Manaus.

 
O livro traz, assim, 11 textos divididos em mais de 200 páginas, por meio das quais o leitor entra em contato, por exemplo, com o exame do patrimônio sonoro das cidades, que compreende tanto sons produzidos tecnologicamente quanto sons vocais; passeia pelas manifestações culturais populares de cunho religioso, viaja até o Festival da Canção de Itacoatiara, penetra nas interpretações a respeito das relações afetivas contidas na música brega, reconhece nas raízes fincadas na cultura e na natureza a realidade que une cidades, rios e florestas.

A pesquisa

O grupo de pesquisa "Cultura Popular, identidades e meio ambiente na Amazônia", coordenado por Sérgio Ivan Gil Braga, foi fundado em 2003, no âmbito da Ufam, e conta com professores e alunos do ICHL e de outras unidades da Ufam. O livro é resultado de um seminário promovido pelo grupo em 2006.

Contribuem como autores Carlos Fortuna, da Universidade de Coimbra; Sérgio Figueiredo Farretti, da Universidade Federal do Maranhão; Maria Lucia Montes, da USP; Noélio Martins Costa, da Secretaria de Educação do Estado do Amazonas; Eder de Castro Gama; José Aldemir de Oliveira e Antônio Carlos Witkoski, da Ufam; Therezinha de Jesus Pinto Fraxe; Manoel de Jesus Masulo, geógrafo e doutorando em Geografia Humana pela USP; e Almir de Oliveira, arquiteto e mestrando do PPGSCA. 

 

Elizabeth Cavalcante – Agência Fapeam

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