União entre academia e indústria é saída para transformar pesquisas em produtos
14/04/2014 – A aproximação dos institutos de ensino e pesquisa do setor empresarial é o ponto chave, segundo especialistas, para transformar os resultados dos estudos em produtos que possam beneficiar a sociedade.
Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook
Neste contexto, foi instituída a Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), cujo objetivo é integrar competências para o desenvolvimento de projetos de pesquisa, inovação e formação de recursos humanos, com foco na biodiversidade e biotecnologia. Os estudos gerarão conhecimentos, processos e produtos que contribuirão para o desenvolvimento sustentável da região.
Em entrevista à Agência FAPEAM, o coordenador do Programa de Pós-Graduação da Rede Bionorte (PPG/Bionorte), Spartaco Astolfi Filho, contou como estão sendo desenvolvidos os trabalhos e quais são os desafios a serem vencidos para que os estudos se transformem em produtos. Confira!
Agência FAPEAM: Como estão sendo desenvolvidas as pesquisas no âmbito da Rede Bionorte?
Spartaco Filho: Dentro do projeto PGCT financiado pela FAPEAM, as principais ações são as atividades de aproximação das instituições de ensino e pesquisa com o setor empresarial, industrial. É dessa junção e aproximação que surgirão os produtos inovadores. Estamos conduzindo os eventos no sentido de aproximar empresários dos estudantes e pesquisadores da Rede Bionorte.
AF: Estudos apontam que a Amazônia possui a maior biodiversidade do planeta. Quais são as pesquisas que estão sendo desenvolvidas relacionadas a esta biodiversidade?
Spartaco Filho: Temos 24 projetos em rede que ou estão voltados para desenvolver tecnologias de conservação ou desenvolver processos e produtos para a bioindústria. O que precisamos é estar junto à bioindústria para que, de repente, os próximos projetos e teses de doutorado já sejam feitos dentro desse contato e da demanda da indústria. É isso que buscamos, esse é o formato ideal.
AF: Alguma pesquisa já se transformou em bioproduto?
Spartaco Filho: Ainda não porque a nossa Rede é muito nova. O Programa de Pós-Graduação tem dois anos e três meses de existência. É o início de um trabalho que aponta para um futuro em que, certamente, iremos apresentar vários bioprodutos e processos para a indústria, além de novas tecnologias de conservação.
AF: Qual o principal desafio dos pesquisadores que atuam na Rede Bionorte?
Spartaco Filho: Para a pós-graduação, é suprir totalmente a demanda de bolsas. Agora, a articulação do pesquisador é sempre um desafio e, mais ainda, a articulação com o setor industrial. Pensando nisso, estamos programando três workshops ainda este ano.
Não temos tido dificuldade para desenvolver a pesquisa em nível de bancada. O problema é que do protótipo no nível de bancada até chegarmos ao produto, por exemplo, na indústria farmacêutica, temos ainda, pelo menos, mais oito anos de trabalho com escalonamentos, testes clínicos e registros na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Quem sabe fazer isso é a empresa. A academia é boa em pesquisar, descobrir coisas novas, mas, para chegar ao caminho até o produto, precisamos do setor empresarial e, por isso, temos de estar juntos.
O setor empresarial brasileiro tem poucos pesquisadores e precisa da capacidade inovativa das pesquisas. Esse acasalamento é que estamos tentando incentivar.
Camila Carvalho – Agência FAPEAM