Viveiros de peixes da Ufam possibilitam formação de profissionais mais qualificados


Tradicionalmente, o peixe faz parte da dieta dos moradores da região amazônica. De sabor inigualável e uma vasta variedade, os peixes amazônicos como tambaqui, matrinxã, pirarucu, dentre outros, podem acabar se não houver uma política sustentável que possibilite a preservação e conservação das espécies.

De acordo com os especialistas, a criação de peixe em cativeiro tem aumentado nos últimos anos, mas as medidas governamentais, como o estímulo à criação de peixes em cativeiro, ainda não são  suficientes diante da crescente demanda pelo pescado em nossa região.

Por outro lado, a qualificação de mão de obra destinada a atender a este mercado promissor, ganha fôlego com a formação de profissionais capazes de suprir as atividades de piscicultura no Estado. Pensando dessa forma e no sentido de levar tecnologia aos piscicultores para o  melhoramento da produção, o engenheiro de pesca Bruno Adan Sagratzki Cavero desenvolveu, em 2008, o projeto  “Readequação das instalações do laboratório de reprodução de peixes tropicais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam)”.

Financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), com aporte de R$ 22 mil, o projeto foi realizado por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP) com objetivo de adequar uma infraestrutura dentro da fazenda experimental da Ufam, localizada na BR-174, a 38 km de Manaus, para viabilizar práticas acadêmicas a partir da reestruturação de laboratórios de reprodução de peixes amazônicos  e de tanques destinados para experimentos.

Melhorias

Cavero frisou que os recursos recebidos do PPP foram limitados, mas foram fundamentais para o início à viabilização das práticas acadêmicas em piscicultura, como a terraplenagem, topografia, construção de tanques e instalação elétrica.

“Para que as atividades não paralisassem, conseguimos mais recursos, cerca de R$ 400 mil, que foram destinados à readequação da fazenda em sua totalidade. O uso de tratores de compactação, esteiras, carregadeiras e de equipamentos de infraestrutura permitiram maior emprego das verbas para a realização das etapas de procedimentos”, ressaltou.   

vspace=10Os 12 viveiros, medindo 10x20m com uma profundidade de 1m,80cm, foram construídos, exclusivamente, para experimentos de nutrição, manejo, densidade e estocagem, além de manipulação de novos ingredientes que são testados para verificação de  desempenho das espécies, conforme as condições experimentais. “A distinção entre o ambiente natural e o artificial é que o primeiro não propicia a projeção e o controle da produção, destacando a tecnologia como instrumento de desenvolvimento fundamental para o manejo de espécies amazônicas”, explicou.

Sistematização

O pesquisador explicou que a escolha de um terreno com superfície plana para a construção de viveiros para criação de peixes tropicais é o primeiro passo para quem tem interesse em investir em piscicultura. “Neste caso, a escolha por um terreno plano, facilita a retirada e limpeza de material, enquanto que, o acidentado dispõe de maior trabalho,  logo, mais custos", disse Cavero.

De olho na sustentabilidade e preservação, para a construção dos tanques na Fazenda Experimental da Ufam, não foi necessário o desmatamento de grandes áreas, pois o local escolhido para a realização do  projeto já existia, faltavam apenas alguns ajustes.

“Foram realizadas escavações e readequação dos tanques que estavam tomados pela vegetação. Depois dessa fase inicial, houve a melhora das paredes e do fundo. Agora os tanques têm a altura ideal e receberam a instalação das bombas de água, sendo uma elétrica e outra, a diesel. O pesquisador conta que, durante essa etapa, foram retirados cerca de 1.000m³ de barro do local.

Resultados

Para Cavero é difícil precisar em números os benefícios que o projeto trará à vida dos futuros profissionais, mas pode-se dizer que, durante esse processo, duas turmas de graduação em Engenharia de Pesca já passaram pelas instalações, o que possibilitou a esses alunos vivenciar o sentido da produção. “O projeto possibilitou, também, a publicação de dois livros, dois artigos, a defesa de duas dissertações e de dois Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), o que é muito bom para o projeto”, destacou.

Segundo o coordenador do projeto, a demanda por peixe é incontestável, assim como por profissionais qualificados. “Hoje, quem faz a extensão junto aos produtores locais são os profissionais formados pela Universidade. Acreditamos que, quanto maior a prática desenvolvida nas pesquisas mais vamos refletir positivamente no resultado dessa atividade econômica”, finalizou.

Sobre o PPP

O Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores – Programa Primeiros Projetos (PPP), desenvolvido em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), consiste em apoiar a aquisição, instalação, modernização, ampliação ou recuperação da infraestrutura de pesquisa científica e tecnológica nas instituições públicas e particulares, sem fins lucrativos, de ensino superior e/ou de pesquisa sediadas ou com unidades permanentes no Estado de Amazonas visando dar suporte à fixação de jovens pesquisadores e nucleação de novos grupos, em quaisquer áreas do conhecimento.

Foto 1 – O tambaqui é uma das espécies mais apreciadas (Foto: Divulgação/Seplan)

Sebastião Alves –  Agência Fapeam

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