Pesquisadores desenvolvem biomarcadores para monitorar contaminação por mercúrio
O mercúrio se acumula ao longo da cadeia alimentar, por isso peixes predadores, como o tucunaré, apresentam maior concentração da substância no organismo
Pesquisadores estão utilizando uma nova tecnologia para avaliar a presença de mercúrio em seres humanos e no ambiente amazônico. Eles utilizam metaloproteínas, proteínas que contêm íons metálicos em sua formação, como biomarcadores e, assim, identificar a presença e a concentração do metal pesado, uma substância neurotóxica.
A vantagem do método em desenvolvimento é a possibilidade de monitorar a presença da substância no ambiente, antes que ela se torne um problema para a saúde das pessoas e animais.
“Queremos criar índices de vigilância para monitorar o mercúrio”, afirma o coordenador das pesquisas, Luiz Fabrício Zara, químico da Universidade de Brasília (UnB).
“Hoje, o monitoramento só indica quando já existe o problema. Com os bioindicadores eu posso ver antes do problema acontecer”, completou.
Já foram desenvolvidos biomarcadores para identificar a presença de mercúrio no leite materno e também que ilustram o transporte da substância da mãe para o filho durante a amamentação. Há também proteínas candidatas para estudos sobre a concentração do mercúrio em peixes, que vão servir para avaliar a presença do metal pesado no ambiente e na cadeia alimentar.
As pesquisas são financiadas pela Hidrelétrica de Jirau, com dinheiro da verba que seria destinada à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Resultados parciais dos estudos, realizados por uma rede de pesquisadores de nove instituições brasileiras, foram apresentados em Manaus, nos duas 3 e 4 de maio, durante o Workshop do Projeto Biomarcadores de Toxidade de Mercúrio Aplicados ao Setor Hidrelétrico na Região Amazônica.
“Na Amazônia, inclusive Rondônia, em função da extração de garimpo, se criou a mística de que ia brotar mercúrio quando se escavasse para construir as usinas e isso iria contaminar peixes e sedimentos. Mas não tinha estudos científicos”, diz Veríssimo Alves dos Santos Neto, gerente de Meio Ambiente de Jirau.
Fonte: Jornal da Ciência