Artigo: Justa Homenagem


04/12/2012 – Por José Seráfico*

Idealizado pela Diretoria da Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera (FDB), e logo apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), o Prêmio Heitor Vieira Dourado de Iniciação Científica (PHD-IC) traduz mais que o propósito de estimular estudantes à investigação. Este é apenas um dos muitos objetivos pretendidos, desde sua concepção, aprovação pelo Conselho Curador da FDB e acolhimento e apoio pela FAPEAM.

Pretende-se, além de pôr em relevo o trabalho de estudantes-pesquisadores e instituições a que são vinculados, marcar posição no tão tortuoso quão incompreendido terreno em que se movem os cientistas brasileiros. Sendo reverência e homenagem póstuma a um dos mais dedicados pesquisadores das doenças tropicais, o PHD-IC poderia ter elegido como concorrentes cientistas renomados ou muitos cuja produção acadêmica já se mostra vasta e profícua. Fê-lo, porém, em sentido contrário. Por isso, privilegia os que se iniciam na carreira acadêmica e na pesquisa. Testemunha, com isso, sua rejeição às políticas em voga, quase todas voltadas à discriminação, sendo que os jovens são os que mais a sofrem. Cumpre, assim, o legado deixado pelo falecido ex-presidente do Conselho Curador que dá nome ao Prêmio.

É conhecido em qualquer ambiente onde se reúnam profissionais do Ensino Superior ou da investigação científica a preferência dos órgãos oficiais de fomento por nomes consagrados. Geralmente, essa condição coincide com a faixa de idade mais avançada do profissional. Quer dizer, dá-se preferência a muitos que estão do meio para o final da carreira, deixando-se de contemplar as promessas que, aqui e acolá, emergem da mediocridade universitária com que somos obrigados a conviver. O Prêmio rompe, por isso, o viés predominante na política de ciência e tecnologia do País.

Há muitas outras razões para o Prêmio ser conferido aos mais jovens. Seria repetitivo mencioná-los aqui, sobretudo porque mais importante é destacar a perfeita captação do sentido da iniciativa pela FAPEAM. Não fosse a disposição dos dirigentes desse órgão de fomento em apostar no projeto, certamente não estaríamos convidando os interessados a participar da cerimônia do próximo dia 3 de dezembro. Nem teriam acorrido, com disponibilidade, interesse e responsabilidade, os representantes das instituições que compõem a Comissão Julgadora. Sequer teria sido tão positiva, unânime muito menos, a receptividade delas ao chamamento da FDB. Destaca-se, dessa forma, a relevância da Fundação criada pelo Estado do Amazonas em setor tão carente de cuidado e respeito.

Finalmente, mas sem o propósito de exaustão, homenageia-se a própria ciência. Pois é do trabalho dos cientistas que mal dão seus primeiros passos nas sendas pedregosas do labor científico que se haverão de beneficiar nossos pósteros. Muitas pedras ainda lembrarão Drummond, porque se apresentarão nesse caminho. Nenhuma delas capaz de impedir o avanço da ciência e a convicção de que dela a sociedade poderá colher muitos benefícios.

É o que se espera!

*José Seráfico é o atual diretor executivo da Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera (FDB)

Mais notícias >>

 

Deixe um novo comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *