Pesquisadores capturam primatas raros em reserva do Amazonas
29/11/2012 – Vinte macacos-de-cheiro foram capturados por pesquisadores do Instituto Mamirauá e da Universidade Federal do Pará na semana passada. A divulgação só foi feita nesta quarta-feira, 28/11, pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A captura ocorreu na própria reserva.
Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook
"Foi a primeira captura de primatas deste gênero em vida livre na Amazônia", afirmou a bióloga Fernanda Paim, pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Ecologia de Vertebrados Terrestres do Instituto Mamirauá.
De acordo com a pesquisadora, as informações obtidas com as capturas vão gerar dados sobre a biologia da reprodução dos macacos-de-cheiro. Os dados, segundo ela, serão utilizados para a criação de técnicas para a conservação da espécie.
Fernanda Paim afirma que a espécie se encontra em risco de perda de habitat e consequente diminuição de sua distribuição geográfica, "em decorrência das mudanças climáticas globais”.
"A alteração no regime de chuvas e no pulso de alagamento de alguns rios da Amazônia pode causar, em alguns pontos, uma redução das extensões de várzea. Se isso realmente acontecer, algumas espécies que são endêmicas de várzea podem estar correndo sério risco, pois não terão mais disponível um ambiente ao qual elas estão adaptadas", diz o biólogo Helder Queiroz, diretor-geral do Instituto Mamirauá.
Uma das espécies de macaco-de-cheiro capturadas, Saimiri vanzolinii, apresenta a menor distribuição dentre os primatas neotropicais, com apenas 870 km². Em virtude disso, os pesquisadores irão coletar e congelar células reprodutivas da espécie. "O projeto também prevê o estudo de alternativas para realização da fertilização in vitro (fecundação de óvulos por espermatozoides em laboratório) e a transferência de embrião para mães de aluguel”, afirmou Helder Queiroz.
Os animais capturados foram anestesiados para coleta de material genético (sangue e pelo) e biometria, e liberados assim que os veterinários constataram que estavam totalmente recuperados dos procedimentos.
A análise do material fornecerá informações sobre a genética das populações de macacos-de-cheiro da Reserva Mamirauá.
“Saimiri vanzolinii é uma espécie endêmica, com distribuição muito pequena e sobreposta em alguns pontos com a da espécie vizinha (macaco-de-cheiro-comum). Essa análise poderá confirmar a existência de híbridos em vida livre e contribuir para a formulação de novas estratégias de conservação”, afirmou a pesquisadora Fernanda Paim.
O Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá foi criado em maio de 1999. É uma Organização Social fomentada e supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), atuando como uma das unidades de pesquisa do MCTI.
Fonte: Portal A Crítica