Estudo avalia biodiversidade nas florestas e paisagens agrícolas na Amazônia
Um estudo publicado recentemente na revista científica Ecology Letters quantifica o impacto sobre diferentes formas de uso da floresta amazônica. Como um dos principais resultados, mostra que as florestas, mesmo em estágios de degradação, apresentam grande riqueza e variedade de espécies, e ainda fornece bases científicas para o planejamento da produção florestal e agropecuária na região.
“Algumas florestas perturbadas conseguem manter uma quantidade de até 80% das espécies encontradas em áreas de florestas primárias, o que nos dá esperança”, afirma o pesquisador Ricardo Solar, primeiro autor do artigo e bolsista de pós-doutorado na Universidade Federal de Viçosa (MG), instituição que realizou o trabalho em parceria com a Embrapa.
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O estudo analisou a biodiversidade presente em florestas primárias, florestas degradadas (por queima e/ou extração madeireira), florestas secundárias, pastagens e áreas de agricultura mecanizada. O trabalho analisou áreas em 18 bacias de cada município, totalizando aproximadamente três milhões de hectares.
“A área de abrangência e a análise espacial da biodiversidade são os diferenciais desse estudo, que analisou o impacto do uso da terra na região, na paisagem e em todo o mosaico que ocorre dentro dela, e não algo pontual nos sítios de coleta”, conta a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, coautora do artigo.
Na Amazônia, as áreas protegidas constituem 44% da região, cerca de dois milhões e 200 mil km². Desse total, 22% são unidades de conservação (parques, reservas, florestas nacionais e outras áreas protegidas) e 22% são áreas indígenas. Impressiona o fato de que quase 60% da vegetação nativa da região está como reserva privada (propriedades), mostrando a importância de preservar essas áreas.
O pesquisador Toby Gardner, do Instituto Ambiental de Estocolmo (Suécia), coautor do trabalho, afirma que os resultados reforçam a importância das áreas de proteção ambiental, mas também indicam a importância das reservas nas propriedades privadas, áreas que muitas vezes já foram perturbadas, e que são a maioria das áreas de florestas dos trópicos.
“Sem a abordagem baseada na paisagem, muitas espécies podem ser regionalmente extintas, portanto é fundamental que as reservas de florestas estejam espalhadas na paisagem, e não concentradas em uma única parte das regiões afetadas”, completou o pesquisador.
FONTE: Embrapa