Inpa realizou workshop para debater casos e apresentar resultados de pesquisas na área da micologia médica no Amazonas
O combate à candidíase em hospitais de Manaus. Este foi um dos temas centrais apresentados no I Workshop do Laboratório de Micologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI). No evento também foram levantadas discussões sobre os fungos de interesse médico: os de maior importância para a região amazônica e os principais fungos responsáveis pela morte de pacientes imunossuprimidos (aqueles com o vírus HIV).
De acordo com a representante da Comissão Estadual de Controle de Infecção Hospitalar no Amazonas (CECIH), Vivian do Nascimento, o Inpa teve importante papel nas investigações do surto da infecção e os resultados dos estudos levarão a intervenções efetivas e à redução da mortalidade dos pacientes infectados.
“Por meio do laboratório de micologia, nós conseguimos elucidar os surtos e desenvolver as pesquisas necessárias. É importante unir os estudos da biologia molecular das instituições de pesquisas com as unidades de saúde para combater as infecções nos hospitais”, destacou.
Para o biotecnologista e responsável pelo Laboratório de Micologia do Inpa, João Vicente Braga de Souza, a capacitação que o laboratório oferece para alunos de mestrado e doutorado é essencial para as pesquisas que serão desenvolvidas na área da saúde no Estado. “Os estudantes já entram para a área da saúde com o foco de produzirem resultados efetivos para grandes doenças que cercam a população”, disse Souza.
O evento trouxe para Manaus dois importantes especialistas em micologia médica, o pesquisador e professor da Fiocruz, Bodo Wanke e o pesquisador Wieland Meyer, da Austrália. O workshop também tratou de assuntos atuais da micologia médica, micologia industrial, micologia de alimentos e micologia ambiental. O evento aconteceu na última quinta (01) e sexta-feira (02), no Auditório da Ciência.
Surto de infecção por cândida no AM
A investigação das infecções por cândida foi aplicada em uma maternidade pública da capital, onde houve um surto da infecção, mas, por meio da biologia molecular, pode-se determinar as fontes que acionavam os fungos presentes no corpo do paciente, evitando mortes. “Medidas de prevenção e controle também foram tomadas para conter o surto no local”, informou Vivian.
As espécies de cândidas mais frequentes no Amazonas, segundo Vivian, são as cândidas albicans e a cândida tropicalis, que representam 34% e 32% respectivamente do número de casos. A maior incidência de infecção é em crianças (40%), neonatos (13,9%) e adultos (7%).
Vivian atenta para as devidas medidas de prevenção e controle da cândida, como o tratamento precoce dos indivíduos infectados e cuidados específicos, como trocas de curativos a cada 48 horas.
Segundo Vivian, a maioria das pessoas é colonizada pelo fungo da cândida, que se aloja na mucosa oral, vaginal, retal e uretral. “A colonização não causa a doença. O fungo pode se manifestar através de dispositivos invasivos inseridos em uma pessoa, como sondas e cateteres, que quebram a barreira anatômica (primeira linha de defesa do organismo e impede a entrada de corpos estranhos)”, explica.
FONTE: Inpa, por Caroline Rocha