Tecnologia emprega resíduos madeireiros na construção de casas populares


06/10/2011 – O uso de rolo-resto (miolo de toras de madeira) para a construção de casas de madeira está sendo apontado como uma alternativa econômica, social e ambientalmente viável para o Amazonas.

 

Com um custo total de, aproximadamente, R$ 6,2 mil para a construção de uma casa de 43,56 m², com sala, dois quartos, cozinha e banheiro, as vantagens envolvem redução dos custos de manejo, geração de novos empregos e minimização de riscos e impactos ambientais.

 

A inovação se refere aos resultados de uma pesquisa de mestrado, financiada pelo Governo do Amazonas via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa Insttitucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad), intitulada "Utilização de rolo-resto gerado pela indústria de chapas compensadas na construção de habitações populares”. O trabalho foi desenvolvido pelo engenheiro florestal André Vilhena de Oliveira, sob a coordenação do pesquisador Mauro Thury de Vieira Sá, ambos da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

 

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vspace=10Conforme levantamento feito junto a três indústrias de compensados, no Amazonas são descartados, como resíduos, 2.384 m³/mês de rolo-resto, que poderiam ser utilizados para a produção de paredes e divisórias de baixo custo.

 

“O déficit habitacional e as técnicas de construção precárias são graves problemas enfrentados pela população carente. As dificuldades econômicas e as poucas opções de materiais e de técnicas de construção induzem a população à edificação de moradias com pouco conforto e baixo nível de segurança. Esse modelo de moradia proporciona conforto e mantém a identidade regional”, destacou Oliveira.

 

Quanto ao valor da casa, Oliveira salientou que não está incluso qualquer tipo de tratamento contra fungos e insetos para aumentar a durabilidade e a qualidade dos roletes. Mas, a pesquisa oferece uma alternativa para melhorar as condições habitacionais da periferia das cidades e da área rural.

 

Foco ambiental

 

Durante a pesquisa, constatou-se que do total de resíduos gerados pelas indústrias de compensados, 85% é aproveitado para gerar vapor e energia e 15% do material é vendido para terceiros. Isto é, os resíduos são utilizados para produção de energia em caldeiras, para a confecção de embalagens para uso da própria fábrica e também para a produção de paletes.

 

vspace=10Ainda segundo dados apresentados pelo autor da pesquisa, os estudos apontam que uma casa em madeira custa menos que uma construída em concreto, além de ser mais rápido o tempo de montagem. “É preciso ressaltar que o tempo será menor, desde que haja disponibilidade de matéria-prima e que o fornecimento desta não oscile em prol da ação de monopólios, como acontece nas obras tradicionais de alvenaria”, ressaltou.

 

Outra vantagem é que os custos dos roletes são menores que os da madeira tradicionalmente utilizada nas construções.

 

 

 

Rolo-resto

 

As toras são transformadas em chapas de compensado após o processo de torneamento na confecção das lâminas, desse processo surge o rolo-resto, que é a parte central ou miolo da tora, que é descartada pela indústria madeireira. Também denominados roletes, eles são usados para produzir energia por meio da queima nos fornos das caldeiras das próprias indústrias de compensados.

 

Espécies utilizadas nas fábricas de compensados:

 

Sumaúma (C. pentandra), muiratinga (M. sclerophylla), copaíba (C. duckei), assacu (H. crepitans), virola (V. surinamensis), breu (Protium sp.), Amapá (Brosimum parinariodes), jacareúba (C. brasiliense), paricarana (Pithecellobium corymbosum) e andiroba (Carapa guianensis).

 

Sobre o Posgrad

Esse programa consiste em apoiar, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de pós-graduação Stricto Sensu credenciados pela Capes.

 

Foto 1 – Confecção do encaixe da ponta do rolete em serra circular. (Divulgação)

Foto 2 – Planta Baixa do Protótipo da Casa de Roletes em Escala 1/50. (Divulgação)

 

 

Luis Mansuêto – Agência FAPEAM

 

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