Artigo: A semana da ciência


18/10/2011 – Dia desses postei mensagem no ‘Tuíter’ acerca do grande volume de informações que tem circulado diariamente nos meios de comunicação e nas redes sociais sobre acontecimentos científicos. E o fato não decorre apenas da vontade pessoal de que assim o seja, mas de um monitoramento rigoroso, feito de segunda a segunda por nossos colaboradores, constatando essa evidência. Penso que alguns aspectos podem ser considerados em torno desse alvissareiro acontecimento.

Em primeiro lugar, há que se levar em conta que se trata de algo novo, coisa dos anos mais recentes. Afora alguns poucos veículos de circulação nacional, que sempre dedicaram espaços semanais ao tema, a grande maioria sempre se mostrou refratária a disponibilizar para seus leitores, ouvintes e telespectadores matérias sobre ciência e tecnologia, exceção para aquelas pautas mais impactantes e sensacionalistas, principalmente na área médica. O princípio adotado pelas redações, como ouvi certa vez da boca de um diretor, era o de que “ciência não vende”.

Em segundo lugar, ainda que se tenha pela frente muita estrada a ser percorrida para colocar o Brasil entre as grandes potências científicas mundiais, caso dos Estados Unidos, Alemanha e Japão, é indiscutível que os investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação avançaram a olhos vistos na última década. Disso decorrente, mais pesquisas vêm sendo financiadas em todas as áreas do conhecimento, mais doutores vêm sendo formados (o País já alcançou os 12 mil por ano), mais e mais vem se incrementando a educação científica, com a concessão de milhares de bolsas a estudantes dos ensinos Fundamental, Médio (o Amazonas é pioneiro nesses dois itens) e Superior, sem contar com o início do processo (que é recentíssimo) de construção da cultura de que não basta somente desenvolver pesquisas sofisticadas, é preciso, respeitada a importância da pesquisa básica, transformá-las em produtos geradores de riqueza para a sociedade e em componentes de competitividade para o País frente a outras nações. Em outras palavras, ganha espaço a convicção de que inovar é a grande chave do negócio.

Em terceiro lugar, e o Amazonas também é pioneiro nessa ação, disseminou-se, entre profissionais e estudantes das diferentes vertentes da comunicação, o estímulo para a prática do chamado jornalismo científico, inclusive com a oferta de uma inédita pós-graduação lato sensu na área, parceria entre o governo do Estado, por intermédio da FAPEAM, e a Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro. Com isso, vem-se criando um círculo virtuoso promissor no qual as ações se alimentam entre si. O aumento da produção científica e tecnológica cresce; com isso, cresce a abundância de pautas em todas as áreas; com isso, a mídia se vê motivada a compartilhar com a sociedade esses acontecimentos; com isso, a sociedade descobre que não só contribui com o financiamento da pesquisa como também é sua maior beneficiária; com isso, ainda, a sociedade torna-se a grande cúmplice e a maior avalista do propósito de que, descontinuar investimentos em CT&I, é um tiro no escuro.

Há, portanto, muito que se comemorar nesta 8ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Particularmente aqui no Amazonas.

* Odenildo Sena é Secretário de Ciência e Tecnologia do Amazonas e Presidente do Conselho Nacional de Secretários Estaduais para Assuntos de CT&I. Este artigo foi publicado simultaneamente no Jornal Diário do Amazonas e no Portal Amazônia, em 18/10/11.

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