Comunidades rurais são beneficiadas com projeto de agricultura familiar


Uma experiência de agricultura familiar na região do Alto Solimões tem beneficiado diretamente cinco comunidades rurais do município de Bejamin Constant. Trata-se do projeto “Agricultura Familiar na Amazônia: conservação e melhoramento de recursos genéticos vegetais e sistemas de produção sustentáveis”, que tem o apoio da Prefeitura local e é desenvolvido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em parceria com professores da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), da Universidade de São Paulo (USP) e do Centro Universitário Luterano de Manaus (Ceulm/Ulbra).

Financiado pelo Programa de Apoio à Pesquisa em Políticas Públicas Estratégicas  (Poppe), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), o projeto tem como objetivo o manejo e o uso econômico dos recursos naturais do município por meio da conservação e melhoramento genético de recursos vegetais e dos sistemas de produção sustentáveis. De acordo com os pesquisadores, a região do Alto Solimões é um dos mais importantes centros da Amazônia na diversidade de espécies cultivadas. Esse patrimônio tem o potencial de gerar renda às comunidades pelo desenvolvimento de produtos “novos” – variedades geneticamente melhoradas – para os mercados regional, nacional e até internacional, sempre ávidos por novidades.

Foram escolhidas para a primeira fase as seguintes comunidades: Novo Paraíso (etnia Ticuna, ambiente de várzea); Vera Cruz (população cabocla, ambiente de terra firme); Guanabara II (população cabocla, ambiente terra firme e várzea); Nova Aliança (etnia Cocama, ambiente terra firme e várzeas); Cidade Nova (etnia Ticuna, ambiente terra firme e várzea); e São João (população cabocla, ambiente de várzea). A idéia é desenvolver experiências piloto de modo que os conhecimentos adquiridos possam servir de base para propostas de políticas públicas e, com isso, contribuir para a viabilização do desenvolvimento sustentável na região amazônica.

Melhorar geneticamente uma espécie vegetal é selecionar do conjunto de sua variabilidade as características que devem ser fixadas no “novo” produto. Nesse caso, não se trata de uma nova espécie e sim de mais uma variação da mesma, agora “melhorada” com as propriedades “escolhidas” para ela. “Pode-se fazer o cruzamento entre aquelas mais resistentes a doenças e pragas, por exemplo, e gerar indivíduos tolerantes ou mais resistentes ainda, sempre observando o aspecto econômico e de segurança alimentar”, explicam os pesquisadores Danilo Fernandes da Silva Filho e Hiroshi Noda, do Inpa, especialistas em melhoramento genético de plantas, acrescentando que, para garantir a segurança alimentar, é necessário um estudo minucioso de cada espécie selecionada.

 

Uso sustentável garante a preservação

 

Os benefícios da agricultura familiar vão muito além do retorno econômico para as comunidades. A expectativa dos pesquisadores é de que, com a adoção de políticas públicas que direcionem o desenvolvimento sustentável, ocorra uma diminuição da destruição acelerada dos ecossistemas e recursos naturais pela exploração predatória promovida pelos empreendimentos vinculados à exploração madeireira, agropecuária extensiva e dos grandes plantios homogêneos da agricultura de exportação Isso porque, uma vez que a floresta densa seja inventariada e conservada, evita-se o impacto negativo do desmatamento, em que a diversidade da biomassa é substituída por culturas temporárias e pastagens sem futuro.

Ou seja, ao otimizar o uso e a conservação dos recursos ambientais disponíveis na região, esse modo alternativo de manejo contribui efetivamente para a preservação do ecossistema, culminando, segundo os pesquisadores, em “um desenvolvimento integral – econômico, cultural, social e ambiental – sustentável”. Mas, para isso, é fundamental conhecer bem os sistemas de produção e comercialização e as estratégias para inserção, no mercado, das potencialidades identificadas.

Ana Paula Freire – Decon/Fapeam

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