Estudantes constroem instrumento musical com madeiras caídas da Amazônia
Projeto de pesquisa iniciou em 2012, no município de Manacapuru, e deu origem ao grupo “Camerata de Ukulelê” que já se apresentou no Teatro Amazonas, no ano passado
Aliando a preservação do meio ambiente ao amor pela música, bolsistas de iniciação científica têm construído instrumentos musicais a partir do reaproveitamento de madeiras caídas da Amazônia. A iniciativa foi tão exitosa, que eles criaram o grupo “Camerata de Ukulelê de Manacapuru” para se apresentarem em eventos culturais no Amazonas.
Ao longo do projeto de pesquisa “Construindo Instrumento Musical com Madeiras da Amazônia”, desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), os alunos da rede pública de Ensino fabricam o ‘ukelelê’, instrumento musical de cordas, de origem havaiana, similar ao cavaquinho.
De acordo com a assessoria de comunicação do Inpa, cada ukulelê é confeccionado, artesanalmente, com até cinco tipos de madeiras de demolição e árvores caídas, naturalmente, no ambiente, como louro preto, piquiá, marupá, cedro e coração de negro. Essas madeiras são empregadas nos tampos, laterais, braços, fundos e escalas do instrumento.
De acordo com a coordenadora do projeto, Claudete Catanhede, o trabalho teve início em 2012, no município de Manacapuru (localizado a 84 quilômetros de Manaus), e tem contribuído para a socialização da ciência na comunidade.
“Nosso objetivo era somente construir o instrumento só que o projeto foi além. A partir das construções, os alunos descobriram a paixão pela música e começaram a tocar o instrumento. Então, começamos as aulas de partituras e leituras para que fizéssemos as apresentações”, disse Catanhede.
O projeto de pesquisa conta com apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Madeiras da Amazônia do Inpa que conta com aporte financeiro do governo do Estado, via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Experiências
De acordo com o Inpa, o objetivo do projeto era despertar a vocação científica, identificar talentos e incentivar a preservação ambiental nos estudantes.
“O programa acabou se tornando interdisciplinar. Alguns alunos vão mais longe e conseguem abraçar o projeto, que possui vários apelos. O Ukulelê vai desde a sustentabilidade ecológica, passando pela inclusão social, geração de renda, até a atividade cultural”, informou o Instituto.
O bolsista Pablo Leitão, 19 anos, que participa do projeto de pesquisa desde o início, em 2012, disse que a experiência foi fundamental para a escolha do curso na Graduação. Ele era bolsista de iniciação científica no âmbito do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic-Jr) e, atualmente, cursa Engenharia Civil no Centro Universitário do Norte (Uninorte).
“O ukulelê é composto pelo tampo, fundo, laterais, braço, escala e cavalete e tem quatro cordas. Há quatro tipos de Ukulelê são eles: soprano, concert, barítano e tenor. Nós confeccionamos o soprano e, posteriormente, faremos o Concert”, explicou Leitão.
Em 2014, a Camerata de Ukulelê tocou no Teatro Amazonas, em apresentação para mais de 700 pessoas a convite do maestro Davi Nunes.
Assista ao vídeo com a reportagem completa:
Texto: Francisco Santos/Ag.Fapeam
Fotos: Divulgação Inpa (destaque) / Lana Santos/Ag. Fapeam
Vídeo: Ada Pereira / Ag. Fapeam