Estudo analisa alternativa para tornar a produção de pirarucu em cativeiro mais barata na Amazônia


10/04/2014 – O pirarucu (Arapaima gigas) apresenta alto valor comercial e características favoráveis para o cultivo intensivo. Tentando sanar algumas barreiras para tornar a produção do peixe mais atrativa na Amazônia, o Grupo de Pesquisa Aquicultura na Amazônia Ocidental, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), vem realizando estudos sobre o uso do farelo de soja como alternativa de ingrediente para tornar a produção desta espécie mais barata e mais competitiva.

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Os pesquisadores avaliaram os efeitos da substituição da farinha de peixe pelo farelo de soja na dieta do pirarucu. Os resultados zootécnicos dos peixes alimentados com rações, onde o farelo de soja substituiu parte significativa da farinha de peixes, foram comparáveis aos que foram alimentados com farinha de peixe como fonte de proteína na dieta. Esses resultados são corroborados com as condições fisiológicas dos peixes, confirmando o potencial do farelo de soja como substituto à farinha de peixe na dieta do pirarucu.

O estudo intitulado ‘Exigências nutricionais do pirarucu (Arapaima gigas) em condições laboratoriais e de cativeiro’ recebe aporte financeiro do Governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Pesquisa Universal (Universal Amazonas).

A líder do grupo de pesquisa, a pesquisadora do Inpa, Elizabeth Gusmão, informou que o farelo de soja pode ser um ingrediente importante, em termos nutricionais, para substituir a farinha de peixe, insumo muito utilizado na dieta de peixes. “O uso da farinha de peixe, cujo preço é bastante elevado (o quilo varia de R$ 2,00, se for nacional, a R$ 5,00 ou R$6,00, se for importada), deverá, nas próximas décadas, desaparecer do mercado”, alerta, acrescentando que o farelo de soja custa em média R$ 0,90 o quilo.

Gusmão explicou que o grupo de pesquisa tem trabalhado para atender duas demandas: diminuir os custos de produção do pirarucu e encontrar alternativas que possam ser utilizadas, no futuro, para a criação, não somente do pirarucu, mas de outras espécies de interesse da piscicultura brasileira.

Produção

De acordo com a pesquisadora, existem vários desafios que precisam ser superados para incrementar a produção do pirarucu na região, dentre eles, estão as exigências nutricionais, principalmente, por ser um peixe carnívoro e de grande porte. “Em razão do hábito carnívoro, essa espécie requer altas concentrações de proteína na dieta, o que aumenta o investimento na produção, restringindo o interesse, sobretudo, dos pequenos produtores”, disse.

“O pirarucu, sem dúvida, é um peixe de grande aceitação no mercado regional, nacional e até internacional, portanto, o mercado não é o problema para esta espécie”, ressaltou Elizabeth.

Segundo ela, a falta de oferta de alevinos, uma vez que não se domina a sua reprodução artificial, é um desafio que a pesquisa precisa responder e disponibilizar para a sociedade, principalmente para o Amazonas, maior produtor extrativista deste peixe no país.

“Temos esse perfil e estamos entre os maiores consumidores de peixe do mundo, cujo consumo per capita, hoje, na cidade de Manaus, está em torno de 33 kg por habitante em um ano, muito superior à média mundial, que é de aproximadamente 18 kg por habitante/ano”, destacou.

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Sobre o Universal Amazonas

O programa tem por objetivo ampliar a produção científica tecnológica e de inovação de pesquisadores vinculados as instituições de ensino e pesquisa sediadas no Amazonas, visando maior participação no sistema nacional de C,T&I e estimular a pesquisa de caráter interdisciplinar que contribua para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no Estado.

 

Fonte: Inpa