Estudo confirma prática de rituais de cura por meio de rezas
27/11/2012 – As práticas de rituais religiosos têm sido manifestados pelos homens desde a antiguidade. Essa tradição rompeu as adversidades do tempo e ainda se faz presente na sociedade moderna por meio de pessoas que adquiriram esses conhecimentos, principalmente nos municípios do Estado do Amazonas, como Parintins, localizado a 369 quilômetros de Manaus.
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Esta realidade é apontada na pesquisa intitulada ‘Ainda se benze em Parintins: rezas e simpatias nas práticas das mulheres benzedeiras’, desenvolvida pelo mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia, pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Deilson do Carmo Trindade.
De acordo com o pesquisador, o estudo buscou verificar de que forma ainda ocorre a prática das rezas na sociedade moderna, dando especial atenção ao papel desempenhado pelas mulheres benzedeiras na cidade de Parintins. Por meio do estudo, o pesquisador buscou compreender em que sentido essas mulheres, por meio da cura popular, conseguiam definir seus espaços dentro da sociedade moderna, sem rivalizar com a ciência e a religião.
"Busquei compreender até em que ponto o conhecimento popular das rezas, ervas e plantas tinha crédito dentro de uma sociedade cada vez mais apegada nos remédios industrializados, os conhecidos remédios de farmácia e a opinião médica sobre o assunto. Não tínhamos como finalidade a comprovação da eficácia dos procedimentos das benzedeiras, mas sim, entender a relação entre a benzedeira e benzido”, explicou Trindade.
Ainda segundo o pesquisador, dessa maneira, ele conseguiu trazer o tema da periferia da cidade, lugar de atuação das benzedeiras, para o campo acadêmico. "Tivemos acesso a uma outra história, uma nova voz que se fez ouvir no círculo fechado e muitas vezes excludente da academia", relatou.
Resultados
De acordo com o resultado da pesquisa, foi possível perceber que ainda se benze em Parintins e as benzedeiras desempenham um importante papel social na cura de males específicos, principalmente, entre as classes populares que reconhecem e divulgam sua atuação. “Assim, essas classes, ao difundirem as rezas, consolidam o papel de atuação, permanência e reconhecimento das benzedeiras, já que não é incomum em Parintins elas serem procuradas, em diversos casos, antes dos médicos”, afirmou Trindade.
O mestre fez questão de explicar que a ideia de pesquisar sobre o assunto, surgiu a partir de observações feitas na casa de sua sogra, que também é benzedeira, onde é comum haver um grande fluxo de pessoas, principalmente de mães que buscam a cura para seus filhos por meio de rezas e benzeção. O fato permitiu a elaboração da dissertação de Mestrado e deixou evidente que, mesmo no século 21, ainda há espaço para a prática de rituais religiosos na cidade.
O estudo apontou ainda que entre os trabalhos mais procurados na cura das enfermidades estão: benzeção para ‘quebranto’, desmentiduras, cobreiro e fogo selvagem, ‘mãe do corpo’, espinha na garganta, panema (mau olhado), entre outras.
A pesquisa de mestrado contou com o incentivo da FAPEAM, por meio do Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu (Posgrad), e em breve estará sendo publicada pela Editora da Universidade Federal do Amazonas (Edua), em parceria com o Instituto Federal do Amazonas (Ifam/Parintins).
De acordo com o pesquisador, sem o apoio da FAPEAM, seria impossível levar a pesquisa até ao final. "Sem a bolsa de estudos que recebi a realização da dissertação, as viagens e a compra de livros seriam mais difíceis", finalizou.
Sobre o Programa
O Programa Institucional de Apoio à Pós-Graduação Stricto Sensu consiste em apoiar, com bolsas de mestrado e doutorado, e auxílio financeiro, as instituições localizadas no Estado do Amazonas que desenvolvem programas de pós-graduação Stricto Sensu credenciados pela Capes.
Rosa Doval – Agência FAPEAM