Inovação exige diálogo entre empresas e instituições de pesquisa
31/01/2012 – Para promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, pelo viés da inovação tecnológica, o setor empresarial e as instituições de ensino e pesquisa precisam dialogar. Os investimentos feitos em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) promovem competitividade e aumentam a produtividade. O resultado é o crescimento socioeconômico com bases sustentáveis. Foi o que apontou a diretora-presidenta da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), Maria Olívia Simão, durante a mesa-redonda ‘A Dinâmica da Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado do Amazonas’.
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A mesa-redonda faz parte da programação da 1ª Conferência de Informação sobre Inovação e Tecnologia para o Desenvolvimento Regional, que ocorre na Universidade Federal do Amazonas (Ufam) até esta sexta-feira (31/08). Na ocasião, o secretário adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti/AM), Eduardo Costa Taveira, falou sobre a importância do Sistema de C&T para a promoção do desenvolvimento sustentável.
Durante o debate, Maria Olívia lembrou que o problema amazônico é que o País e o mundo veem a região como um "santuário que precisa ser preservado" e esquecem que também há pessoas que precisam de saúde, educação, acesso a serviços e qualidade de vida. Outro problema é que o modelo atual de desenvolvimento está centrado na capital, por isso, é fundamental interiorizar as ações.
Para a diretora-presidenta, não adianta apenas o Governo Estadual investir em ações para promover o desenvolvimento socioeconômico na capital e no interior. “As empresas também precisam investir em inovação tecnológica. Trata-se de uma exigência do mercado. Inovação é risco, pois não se sabe se dará certo. Pode virar dispêndio, mas quando dá certo o retorno compensa o esforço. Todavia, tudo isso precisa ser pensado sem negar as particularidades regionais, que precisam ser respeitadas”, ponderou.
Investimentos
Atualmente, conforme Maria Olívia, o Governo do Estado tem investido em inovação tecnológica em micro e pequenas empresas através dos programas de Apoio às Incubadoras (Pró-Incubadoras) e o de Apoio à Pesquisa em Empresas na Modalidade Subvenção Econômica a Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pappe Integração). Ela explicou que esse nicho de mercado é alternativo, uma vez que as empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) não investem em inovação tecnológica na região e, às vezes, no próprio País.
Em relação ao Pró-Incubadoras, a FAPEAM irá investir cerca de R$ 1,7 milhão para interiorizar a inovação tecnológica pautada na sustentabilidade. Para isso, contará com o apoio das universidades do Estado do Amazonas (UEA) e Federal do Amazonas (Ufam), e também do Instituto Federal de Educação (Ifam), que contam com grupos de pesquisa formados por mestres e doutores. “A meta é criar espaços de incubação de empresas e negócios com eixo na inovação”, avisou.
Quanto ao Pappe Integração, Maria Olívia informou que serão investidos R$ 6 milhões, sendo R$ 4 milhões oriundos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e R$ 2 milhões da FAPEAM. As áreas prioritárias são construção naval, fitocosméticos, fibras amazônicas, tecnologia da informação e comunicação, biotecnologia, engenharia de processo, etc. Ao todo, 26 empresas serão beneficiadas.
Modelo de desenvolvimento amazônico
É preciso desenvolver um modelo de crescimento para a Amazônia diferente do que foi amplamente difundido no mundo, conforme Taveira. Essa exigência se deve às particularidades amazônicas, que envolvem logística, meio ambiente, preservação ambiental. Ele lembrou que não há um país no mundo que tenha seguido esse modelo de desenvolvimento cobrado dos Estados amazônicos. Nesse sentido, insere-se a CT&I para entender as complexidades do cenário e a inserção da região no cenário nacional, o que não tem acontecido.
“Em 2011, o percentual de investimentos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para o Norte foi de 4,7%, enquanto que para o Sudeste foi de 54,19%. Os recursos foram distribuídos proporcionalmente de acordo com o Produto Interno Bruto (PIB) de cada região. Isso significa que os Estados com renda per capta maior acabam recebendo mais. É preciso mudar esse quadro, pois persistem os padrões de desigualdade nos investimentos federais em C&T”, reclamou.
Segundo Taveira, exige-se um modelo de desenvolvimento diferenciado para a Amazônia, alicerçado na floresta em pé, mas os investimentos não são proporcionais às exigências. Ele avisou que é preciso que as políticas públicas federais, bem como os projetos, fujam do modelo pontual adotado em outros Estados. “As políticas públicas federais são como um Tratado de Tordesilhas, quando se olha o mapa dos projetos e investimentos feitos”, ponderou.
Ações estaduais
Os Estados amazônicos assumiram um papel importante no desenvolvimento regional, de acordo com Taveira. Ele citou como exemplo a criação do Sistema Estadual de CT&I pelo Governo do Estado, que mudou a cara da ciência regional. Criado em 2003, com o objetivo de promover o desenvolvimento científico, o Sistema conta com uma FAP que recebe 1% da arrecadação estadual. Os recursos são usados para alavancar os ensinos Médio e Fundamental, a Educação Superior e a Pós-Graduação.
“Em 2012, são aproximadamente R$ 450,571 milhões investidos. De 2003 a 2010, o Amazonas já cresceu 1032%, enquanto o Brasil cresceu apenas 175%. Mais de 16.764 mil bolsas de iniciação científica júnior, iniciação científica, mestrado e doutorado foram distribuídas. Todos os desafios e oportunidades passam por inovação e desenvolvimento tecnológico e o governo estadual tem feito sua parte”, finalizou.
Luís Mansuêto – Agência FAPEAM