Livro aborda potencial proteico da alimentação amazônica


21/02/2012 – Resultado do estudo ‘Idoso da Floresta: indicadores de longevidade e fragilidade’, a publicação do livro Dieta amazônica: saúde e longevidade, dos autores Euler Esteves Ribeiro e Ivana Mônica da Cruz, faz uma análise dos produtos que fazem parte da dieta amazônica. A obra também infere na qualidade de vida do idoso e divulga receitas alimentares que constituem a base alimentar do homem interiorano. A obra contém 152 páginas e foi publicada pela editora Amazônia.

Durante a pesquisa que deu origem ao livro, foram entrevistadas 1,8 mil pessoas, de 176 comunidades do município de Maués (distante a 268 quilômetros de Manaus). O trabalho teve o apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), via Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino e Pesquisa (Pro-Estado).

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Doutor em Medicina e Ciência da Saúde, Euler Ribeiro disse que o objetivo principal da pesquisa foi analisar o envelhecimento do homem amazônico, além dos desvios da saúde de doenças degenerativas, além da relação da massa óssea com a concentração de vitamina B no sangue de mulheres após a menopausa. Ele explicou que em razão da maior insolação em nossa região, o desdobramento da vitamina D faz agregar cálcio na estrutura óssea, tornando isso um fator positivo para o idoso.

Segundo Ribeiro, a pesquisa teve parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (RS), representada pela doutora em genética e professora Ivana Mônica da Cruz. Ribeiro disse que a parceria se fez necessária em razão do comportamento genético do idoso, correspondendo a 30% da longevidade, e de outros fatores, como exercícios regulares, repouso por meio do sono, fuga do estresse e uma boa nutrição.

Expectativa de vida

A expectativa de vida no Brasil avançou nos últimos 50 anos, disse o pesquisador. Ele explicou que num processo histórico, a população brasileira da metade do Século 20 não atingia os 40 anos. Contudo, no final desse século apresentou um quadro avançado de idade, atingindo os 70 anos para as mulheres e 64 para os homens. “Nos primeiros 12 anos do Século 21, houve um aumento considerável de sete anos, possibilitando às pessoas uma maior expectativa de vida”, comentou.

Mulheres vivem mais que os homens

Segundo Ribeiro, as mulheres vivem mais do que os homens. Primeiramente, ele atribui essa longevidade aos hormônios femininos, que são elementos protetores contra as doenças cardiovasculares. Entretanto, ao chegar aos 50 anos equiparam-se aos homens adquirindo desvio da saúde, ou seja, doenças degenerativas, como a hipertensão, a diabete, a obesidade, a cardiopatia, a artrose, a demência, dentre outras.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) destacam que o idoso interiorano do Amazonas, especialmente, do município de Maués, representa 1% da população brasileira acima de 80 anos.

Base Alimentar

Ao se deparar com a análise nutricional, o pesquisador verificou que a base alimentar dos idosos eram os peixes, derivados de mandioca, frutos, dentre outros. Esses alimentos são considerados pela pesquisa simples e ricos em vitaminas. Ribeiro explicou que algumas dietas são consagradas em nível internacional, pois são consideradas responsáveis pela longevidade, por exemplo, a do mediterrâneo e a asiática. A primeira é baseada em frutos, verduras e legumes, vinho, azeite de oliva e trigo. A segunda em chá verde, algas, peixes, verduras e frutos.

Ao analisar a dieta da população de Maués foi detectada uma maior concentração de proteínas, devido ao consumo de carne de peixe. O jaraqui se destacou por apresentar a maior concentração de proteínas de baixo peso molecular e ômega 3, 6 e 9  (gordura oligolética responsável por ampliar a vida celular) em maior ou igual proporção aos peixes marinhos.

Segundo Ribeiro, o consumo de proteínas não se restringe somente ao peixe amazônico, mas à toda base alimentar interiorana, por exemplo, o consumo da farinha de mandioca (vitamina complexo B concentrado), camu-camu (vitamina C), castanha-da-Amazônia (proteínas), cupuaçu, ingá, carambola, guaraná, cubiu, açaí, bacaba, buruti, dentre outros alimentos proteicos.

Perfil do idoso

Segundo o pesquisador, o perfil do idoso das zonas que constituem a cidade de Manaus apresentou um quadro de doenças degenerativas em consequência direta da vida urbana, quando comparado com o idoso de Maués. “O índice de agravo dessas doenças foi menor em Maués, as quais estão condicionadas a força muscular de senhores e senhoras com mais de 80 anos”, pontuou.

Por outro lado, a pesquisa revelou a fragilidade desses idosos, pois estão expostos a acidentes em ambientes de risco, como subida e descida de barrancos, principalmente na época da seca, quando os produtos extrativistas são exportados. “Geralmente, eles se acidentam fraturando membros inferiores ou superiores”, disse. Em relação a Manaus, o pesquisador explicou que os acidentes são em decorrência de fraturas ósseas ligadas às doenças degenerativas. “A osteoporose na capital, por exemplo, corresponde a 72% dos casos, enquanto no município estudado corresponde a 49%. Significa que o quadro é favorável ao homem interiorano”, finalizou.  

Pro-Estado

O Programa de Apoio à Consolidação das Instituições de Ensino e Pesquisa consiste em apoiar, com recursos financeiros, ações de formação de recursos humanos e melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Estado do Amazonas.

Sebastião Alves – Agência FAPEAM

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