Pesquisa analisa eficácia da revegetação e potencial para geração de créditos de carbono


06/03/2013 – A atividade agropecuária é a maior responsável pelas alterações ambientais na região do cerrado. Nesse contexto, a revegetação surge como uma das estratégias de conservação que visa mudar o quadro das áreas mineradas.

Com objetivo de verificar a eficácia da revegetação, a mestre em Ciências Florestais da Universidade de Brasília (UnB) e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Lucinéia da Silva Sousa Mendes, desenvolveu um projeto de pesquisa para estimar o estoque de carbono orgânico em uma jazida de cascalho do Distrito Federal e verificar seu potencial para a geração de créditos de carbono.

Siga a FAPEAM no Twitter e acompanhe também no Facebook

O estudo intitulado ‘Estoque de carbono em uma jazida revegetada no Distrito Federal: Geração de créditos de carbono’ foi desenvolvido de 2008 a 2010 na UnB, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) por meio do Programa de Apoio à Formação de Recursos Humanos Pós-Graduados do Estado do Amazonas (RH-Posgrad).

“A atividade agropecuária, seguida em menor extensão pelo extrativismo e mineração, são as principais atividades responsáveis pelas alterações ambientais na região do cerrado. A revegetação surge como uma das estratégias de conservação que visa mudar o quadro preocupante das áreas mineradas do cerrado”, disse a pesquisadora.

Metodologia

Mendes informou que a área de estudo está localizada no quilômetro oito da rodovia DF-130, na região administrativa do Paranoá. “O experimento consistiu em 12 módulos com plantio de seis espécies arbóreas em cada um, com tratamento de substrato sub-solado e coberto com a leguminosa rasteira Styloshantes sp”, esclareceu.

As seis espécies arbóreas utilizadas foram: abiu (Pouteria ramiflora), barú (Diperyx alata Vog), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng), gueroba (Syagrus oleraceae), ingá (Inga marginata) e jatobá (Hymenaea courbaril var. stilbocarpa (Hayne) Lee & Lang).

A pesquisadora informou que o experimento com os 12 módulos já havia sido implantado desde setembro de 2003 com o objetivo de avaliar a revegetação em uma área degradada pela extração de cascalho.

As seis espécies arbóreas testadas na área da jazida também foram plantadas em uma área de cerrado desmatado, formado com pasto, para efeito de controle. “No total, foram plantadas 72 mudas na área experimental e 36 na área de controle, totalizando 108 mudas”, disse a pesquisadora.

Foram realizadas avaliações de desenvolvimento inicial das mudas e em cada avaliação foram feitas medições de altura, diâmetro e crescimento das espécies. Durante o estudo, também foi analisada a aplicação alométrica e feito o cálculo da biomassa de cada muda ao longo de 42 meses para, ao final, estimar o estoque de carbono fixado.

Mercado de carbono

Ao final do estudo, a pesquisadora concluiu que a área da cascalheira degradada pela extração de cascalho está sendo recuperada e já há aproximadamente 120 toneladas de carbono por hectare.

“Se nos 883 hectares de jazida de cascalho existentes no Distrito Industrial fosse utilizado o estrato herbáceo em seus projetos de recuperação seriam fixadas 430,6 mil toneladas de carbono por hectare, gerando para o mercado de créditos de carbono um valor de US$ 8,6 bilhões”, disse Mendes.

Os créditos de carbono são papéis comercializados no mercado internacional entre os países desenvolvidos – que possuem quotas de redução de emissão de gases do efeito estufa – e os países em desenvolvimento – como o Brasil -, que não possuem quotas de redução das emissões.

Os créditos de carbono já estão sendo comercializados com antecedência no mercado e o preço atual da tonelada está fixado em US$ 20.

Sobre Rh-Posgrad Mestrado

Com financiamento da FAPEAM, este programa visa conceder bolsas de mestrado a profissionais interessados em realizar curso de pós-graduação stricto sensu, em Programa de Pós-Graduação recomendado pela Capes em outros Estados da Federação.

 

Camila Carvalho – Agência FAPEAM

Mais notícias >>

Deixe um novo comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *