Pesquisadores possibilitam acesso a astronomia no interior do AM


28/02/2012 – Numa época em que muito se fala em tecnologia e internet, um grupo de pesquisadores decidiu inovar e resgatar entre os jovens o interesse pela astronomia, uma das mais antigas ciências naturais que desde a antiguidade utiliza o céu como mapa, calendário e até relógio.

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Essa prática era comum inclusive entre povos indígenas do Amazonas que, por meio da astronomia, desenvolveram um modo de olhar, interpretar e contemplar o céu, buscando sempre  informações e respostas para os acontecimentos na terra.

Foi a partir desta visão, que a pesquisadora e mestre em Física pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Andréa Baima do Lago Silva, iniciou um grupo de pesquisa com alunos do Ensino Superior, no Instituto Federal do Amazonas (Ifam) fazendo com que eles desenvolvessem pesquisas relacionadas à astronomia envolvendo alunos do Ensino Médio do município de Coari (localizado a 363 km a oeste de Manaus).

A pesquisa denominada ‘Médio Solimões Descobrindo o Universo’ conta com recursos do Governo do Estado do Amazonas, por meio do Programa de Apoio a Núcleos de Excelência (Pronex), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM/CNPq).

 

Astronomia no interior

 

src=https://www.fapeam.am.gov.br/arquivos/imagens/imgeditor/astrofim.jpgA pesquisa teve início no primeiro semestre de 2010 e deve ser concluída no ano de 2012. O objetivo do trabalho é ensinar alunos do Ensino Superior a desenvolver pesquisas relacionadas à astronomia e chamar a atenção dos alunos do Ensino Médio da rede pública (federal, estadual e municipal), especialmente jovens e crianças, para a importância da astronomia e como forma de prepará-los para a Olimpíada Brasileira de Astronomia (OBA), que acontece todos os anos.

 

De acordo com Andréa Silva, o céu amazônico é rico em constelações e lendas. “Hoje há muitos estudiosos que publicam livros sobre a Amazônia e as lendas sempre estão presentes, creio que as lendas nutrem a imaginação humana. Essa cultura de observar o céu e cultivar as lendas amazônicas não podem se perder, pois retratam bem o quadro cultural da população ribeirinha e indígena”, relatou a pesquisadora.

 

A pesquisa conta com a participação de quatro docentes e mais dois voluntários discentes do Instituto Federal do Amazonas e da Ufam e envolve a população local incentivando jovens e alunos a investigar o modo de interpretação de cada morador local.

 

"Alguns moradores contam lendas ou descrevem nomes diferente para algumas constelações, toda vez que nós avançamos encontramos termos diferente considerados contribuições importantes. É desafiador, mas apesar das dificuldades estamos conseguindo chegar ao nosso objetivo principal", disse Silva.

 

Resultados

Apesar de o trabalho estar em andamento, a pesquisadora espera que a pesquisa  ajude a sociedade a perceber que a cultura de observar o céu não pode se perder ao longo do tempo.

 

"O simples fato de observar o céu já faz a pessoa ter curiosidade sobre a astronomia, depois de observarem o céu e assistirem a palestra, os participantes saem conversando sobre o tema, conversam em casa, com os amigos e comentam no trabalho. É essa comunicação que faz com que outras pessoas, que não participaram da observação, aprendam algo novo", destacou.

 

Constelações

 

Sabe-se que ao todo existem 88 constelações. As etnias brasileiras dão valor aos agrupamentos de estrelas localizadas na via láctea, chamado de Caminho da Anta (Tapi’i rapé, em guarani). Outras constelações que servem de referência para as tribos do Norte são: Añá, Ema, Lagarta, Jacundá (peixe), Homem Velho, Tatu, Surucucu e Veado.

 

Todos esses agrupamentos têm um significado importante para os povo do Alto é Médio Solimões que, por meio da leitura das constelações, fazem relação com o clima, a fauna, a flora e o ecossistema da Amazônia.

 

Apoio da FAPEAM

Silva, ressalta que a FAPEAM tem um papel importante não só para a sua pesquisa, mas para a região amazônica  como um todo. “A FAPEAM é de extrema importância para o Amazonas, pois possibilitou que esse projeto se estruturasse no Ifam/Campus Coari para tornar-se uma instituição capaz de proporcionar cursos e observações com uso do telescópio para o público em geral, mas acima de tudo ela possibilita o desenvolvimento da pesquisa no interior do Amazonas", ressaltou.

 

Sobre o Pronex

 

Esse programa, desenvolvido em parceria com o CNPq, consiste em apoiar, com recursos financeiros, grupos de alta competência que possam contribuir para o processo de difusão e popularização da CT&I no Estado do Amazonas.

 

 

Redação: Rafaela Vieira

Edição: Ulysses Varela   – Agência FAPEAM

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