PIM necessita quebrar paradigmas de investimentos em CT&I


08/11/2012 – Um dos recentes desafios para o desenvolvimento da Região Amazônica é conseguir sensibilizar os empresários do Polo Industrial de Manaus (PIM) a respeito da importância dos investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação.

Buscando promover um diálogo entre a academia e os empresários, a Associação Pan-Amazônia realizou, no âmbito do Seminário Pan-Amazônico, uma mesa-redonda entre pesquisadores, empresários e economistas para discutir a relação empresarial com as pesquisas científicas.  O seminário prossegue até esta quinta-feira, 08/11, no auditório do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

‘CT&I e sua relação com o Polo Industrial de Manaus – o empresariado e a academia’ foi o tema que permeou as discussões entre os participantes. Durante o debate, foram discutidas questões sobre a real importância da Zona Franca de Manaus (ZFM) e de como atrelar os investimentos a pesquisas ligadas à inovação.

Na avaliação do doutor em Física e professor do Departamento de Física da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcílio Freitas, os investimentos em CT&I só serão consolidados na região depois que o PIM tomar uma série de medidas.

“Na atual dinâmica mundial, os laboratórios não têm de estar encravados nas universidades, mas sim juntos aos empresários e atuando em parceria com as academias e os institutos de pesquisa”, explicou Freitas.

Entre as ações apontadas pelo professor estão a implantação de laboratórios compartilhados, investimentos em cursos de especialização, construção de centros de vocação, apoio a redes de biotecnologia e bioindústria, além de investimentos na criação de núcleos de inovação.

Inovação em discussão

O subcoordenador da Coordenadoria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam) e diretor adjunto da empresa Nokia Tecnologia da Amazonas Ltda., Eteocles Teixeira da Silva, ponderou que os empresários não fazem um planejamento a longo prazo.

Segundo ele, os gestores de empresas do PIM buscam um resultado em um curto período de tempo e isso dificulta quando o diálogo é relacionado à CT&I, pois os resultados das pesquisas só são obtidos, no mínimo, após um ano.

“Essas empresas têm acesso a todas as soluções em um curto espaço de tempo. Fica difícil sensibilizá-las para atrair os investimentos para uma pesquisa local em que o investidor terá de esperar, por exemplo, por cinco anos para ter uma resposta que ele poderá obter, internacionalmente, em um mês”, esclareceu Silva.

Na avaliação dele, para que os investimentos empresariais sejam revestidos em inovação é necessário que paradigmas sejam quebrados. “A inovação gera desenvolvimento que gera recursos que se forem investidos em inovação acabam levando a um ciclo, mas é difícil fazer com que o empresário enxergue esse ciclo”, afirmou.

Quebra de paradigmas

O economista Armando Clóvis presente no debate aproveitou a oportunidade para ponderar que a economia da Região Amazônica sempre foi fundamentada em fatores externos. Segundo ele, para quebrar esses paradigmas, que acabam atrapalhando os investimentos em CT&I para região, é preciso elaborar um projeto de gestão econômica.

“Sempre dependemos de fatores externos. Está faltando um projeto básico, elaborado por nós, pensando no desenvolvimento da Amazônia e nesse projeto temos de estabelecer metas de investimentos para os empresários em CT&I”, defendeu.

O diretor executivo da Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera – FDB (ex-Fundação Djalma Batista), José Seráfico, também defendeu que a quebra de paradigmas seja o principal ponto a ser combatido antes de pensar em investimentos feitos pelas empresas.

“Nós estamos abordando inovação como prisioneiros do passado. Se não confrontarmos a ordem estabelecida, não há como se falar verdadeiramente em inovação”, esclareceu Seráfico.

Sobre o Seminário Pan-Amazônico

O Seminário é uma realização da Associação Pan-Amazônia, em parceria com a Fundação Amazônica de Defesa da Biosfera (FDB) e Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), por meio do Programa de Apoio à Realização de Eventos Científicos e Tecnológicos no Estado do Amazonas (Parev).

Camila Carvalho – Agência FAPEAM

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