Presidente da Intercom Nacional fala sobre os avanços da comunicação no Norte


08/05/2014 – A Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) realiza anualmente cinco encontros nas regiões do Brasil e mais um congresso nacional para discussão, intercâmbio das produções acadêmicas, além de premiação pela contribuição das instituições e grupos da área de comunicação e qualidade dos trabalhos científicos de estudantes e pesquisadores.

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O congresso regional está na sua XIII edição e foi realizado em Belém (PA), entre os dias 1, 2 e 3 de maio. Na oportunidade, o presidente da Intercom Nacional, o doutor em Linguística e Letras, Antonio Carlos Hohlfeldt, conversou com a equipe da Agência da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) sobre os avanços na área da comunicação, principalmente na região Norte, e a contribuição dos encontros regionais da Intercom nesse processo.

Agência FAPEAM (AF): Como o senhor analise o cenário da comunicação na região Norte e como esses cursos de pós-graduação têm contribuído para agregar conhecimento sobre a região?

Antonio Hohlfeldt  (A.H): Eu não tenho conhecimento detalhado sobre a região seria perigoso eu avaliar, mas eu vou fazer um panorama daquilo que eu conheço de fora. A região Norte tem um grande desafio que é a locomoção por conta da distância física. Quando você cria redes de comunicação que resolvem o problema do deslocamento físico porque elas te permitem exatamente o contato não físico, o contato virtual. Evidentemente isso é fundamental. Hoje você tem a possibilidade e de comunicação e informação no Norte muito melhor do que você tinha tempos atrás. Um passo importante é a criação dos cursos e gradualmente nós estamos abrindo novos cursos de comunicação nas universidades. Normalmente começa pelas universidades federais depois começa com algumas universidades particulares fazendo investimento. E quando você já tem um conjunto de grupos suficientemente bom em número e qualificação evidentemente você passa a fazer parte dos encontros e diálogos é a fase em que nós estamos. Eu diria assim, no nível do processo, estamos no ponto mais alto, daqui pra frente é colher os frutos daqueles investimentos que vêm sendo feito ao longo das décadas.

AF: Baseado nesses encontros regionais, como o senhor analisa o reflexo dessa formação de mão-de-obra nos estudos apresentados nos encontros regionais?

AH: Tem ficado bem claro que nós saímos muito do pequeno estudo empírico e pontual para um estudo mais abrangente. Eu gosto muito do estudo empírico, mas que ele tenha um horizonte. Eu não quero estudar só como é o jornal ou rádio, mas mostrar como a produção da rádio se articula com outras produções. Acho mais produtivo esse tipo de trabalho. Os primeiros trabalhos que liamos eram muito pontuais, muito fechados. Hoje os textos e pesquisas que têm nos chegado já são completamente mais abertos. A própria professora Maria Ataíde (coordenadora regional do Intercom) nesses encontros regionais tem aumentado com projetos de nível internacional. Eu diria que realmente a região Norte se abriu completamente para o mundo e importante o mundo descobrir a Amazônia, não com preconceito apenas exótico da floresta, do índio e do rio, mas lá tem gente que pensa e que produz e isso acho que é fundamental.

A.F: Poderia fazer um balanço dos encontros regionais desde a primeira edição que aconteceu aqui (checar) até o momento?

A.H: A criação dos encontros regionais na Intercom é um divisor de águas. Nós estávamos fadados da maneira anterior (somente encontro nacional) a ficar uma entidade pequena e com dificuldades a sobreviver. Quando nós abrimos para os regionais, nós demos em primeiro lugar a chance de integração real. Muitos jovens estudantes e professores não têm dinheiro para conseguir se deslocar em distâncias tão longas como é o caso do Brasil. Então os encontros regionais dão uma chance de você ir mais perto conversar com o pessoal que é semelhante a ti mais perto. Eu faço um balanço a cada ano do número de pessoas inscritas é praticamente igual entre jovens da graduação e o número de pesquisadores, professores, doutorando e demais formações. Isso foi fundamental, especificamente no Norte, nós tínhamos números pequenos no primeiro momento, e gradualmente saltamos. Isto mostra o que nós queríamos como objetivo que era divulgação, chamar atenção e propiciar o encontro está de fato acontecendo. Como eu digo, a Intercom cabia promover, mas nós tínhamos que ter a parceria das pessoas que estão aqui e nós felizmente encontramos isso. Nesse sentido eu diria que o Norte foi a melhor coisa que aconteceu para a Intercom nesse processo.

AF: Em relação à formação dessa mão-de-obra conta com o pagamento de bolsas e apoio na participação de eventos como este por meio de agências de fomento. A região Norte tem uma história recente que é a criação das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs). Na sua opinião,  qual a importância dessas agências de fomento não só para a formação de pessoal, mas também para o apoio de eventos como este?

A.H: São fundamentais as agências. A criação das novas agências de fomento na região Norte é o reflexo exatamente da mudança, modernização e ampliação da presença do Estado no Norte é uma consequência natural e que bom que está acontecendo. As agências, por exemplo, ajudam a financiar o deslocamento de alguns alunos, ajudam a fazer as pesquisas de professor e alunos com as bolsas de iniciação científica (IC). A bolsa de IC é um início de carreira de um jovem pesquisador, todos os alunos de iniciação científica de um modo em geral vai continuar o processo – terminar uma graduação, fazer um mestrado, doutorado, se tornar professores – e reproduzir esse processo.

AF: O tema da Intercom Norte deste ano debate o papel da comunicação em conflitos, guerras e manifestações. A fórmula e o processo da cobertura desses acontecimentos mudaram ou apenas se adequou ao contexto em que aconteceram esses fatos?

A.H: Historicamente há adequações. Do ponto de vista da tecnologia potencialmente devia estar melhor só que os controles dos governos aumentaram muito, então está pior. Eu tenho um equipamento em que eu posso colocar disfarçadamente no bolso, mas corro o risco de ser morto por causa disso. O governo americano na guerra do Vietnã não interferiu em nada na cobertura. Hoje se você é um jornalista e vai cobrir a guerra precisa se alistar e ter autorização. O que é curioso houve um desenvolvimento tecnológico, mas não melhoramos a cobertura porque os governos estão mais restritivos, conivente, às vezes, e sensores outra vez. Esse é o nosso desafio constante, você melhora a possibilidade de cobertura e tem que enfrentar cada vez mais as tentativas de coibir e complicar a tua cobertura.

Josiane Santos – Agência FAPEAM

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