Urbanização e mudança de hábitos de consumo são entraves para sustentabilidade no AM


23/10/2010 – A urbanização e as mudanças nos hábitos de consumo, inclusive no interior do Estado, foram apontadas pelo professor doutor Geraldo Alves de Souza, do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Cidades da Amazônia Brasileira (NEPECAB), como sintomas na direção oposta ao conceito de Desenvolvimento Sustentável, citado por ele como “maior desafio da atualidade”.

 

Para Souza, há um desconhecimento sobre a diferença entre o crescimento econômico e desenvolvimento, já que o conceito de desenvolvimento, segundo ele,  está atrelado à equidade e à resolução de problemas coletivos que não podem ser preteridos em nome de interesses econômicos e políticos de uma minoria.

 

“Quando se fala em Amazônia é comum apontar indicadores de crescimento. Estamos indo na direção oposta da sustentabilidade quando comemos mais frangos e menos peixes, o que afeta diretamente a qualidade de vida da população”, exemplificou.

 

/Ainda de acordo com Geraldo Alves, o baixo consumo de peixe num Estado como o Amazonas é um declínio, quando este deveria ser o principal alimento.

 

A palestra de Souza, que é professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) abriu, na sexta-feira (22), o segundo e último dia do “Diálogo Jornalismo e Ciência”, promovido pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia (SECT) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM).

 

Urbanidade

 

Outro impacto direto à saúde e qualidade de vida, citado pelo professor, é o tempo perdido no trânsito. Um dos fatores que desestimulam os pedestres, explica, é a ausência de calçadas em Manaus, o que automaticamente leva as pessoas a utilizarem os tranportes públicos e os carros particulares até para pequenos percursos, causando engarrafamentos e transtornos, geradores de altos níveis de estresse na população.

 

“Existem, também, muitos espaços ociosos no interior da mancha urbana. A população acaba dispersada em áreas mais afastadas, onde o Estado não chegará. São as pessoas de menor poder aquisitivo as mais impactadas pela perda de tempo com as longas viagens urbanas”, ressaltou.

 

/Ao concluir a palestra, o professor Geraldo Alves de Souza afirmou que o único caminho para um desenvolvimento sustentável é a presença de um Estado forte, capaz de fazer o planejamento e a gestão do território. “O conhecimento científico deve ser direcionado às políticas públicas e nós precisamos aproximar a  academia da sociedade inclusive através dos meios de comunicação”, finalizou. 

 

Participaram também do debate o professor da Ufam, Renan Freitas Pinto, o jornalista Wilson Nogueira e o presidente do sindicato dos jornalistas, Cesar Wanderley. No encerramento do debate os participantes sinalizaram a necessidade de continuidade da discussão para impulsionar o diálogo entre jornalistas e cientistas.

 

Alessandra Leite – Agência Fapeam

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